Falo para todos os madeirenses. Sou um de nós.
U m dos madeirenses que, há gerações, acreditam, muitas vezes à força de Fé, num futuro agradável, com filhos, netos, bisnetos (quem tiver essa sorte). Verdade que evoluímos. Temos electricidade, água, estradas, centros comerciais, hospitais, escolas, ginásios, marinas, centros de saúde, casas do povo, casinos, discotecas, centenas de hotéis, carros sem fim, aviões que partem e chegam a toda a hora.
Quem construiu tudo isto?
Os madeirenses.
Madeirenses que saíram da agricultura directos para a construção dos túneis, centros comerciais, hospitais, escolas, ginásios, marinas, centros de saúde, casas do povo, casinos, discotecas, centenas de hotéis. Enfim para tudo o que já se fez e faz.
Sol a sol, turnos duplos, triplos, horas extraordinárias. Nunca o agricultor madeirense, melhorado para homem de carga, viu tanto dinheiro. E sabemos como era antes. Foi melhor. Inegável. Mas falhou um “pequeno” pormenor – A Educação e formação (tanto ao nível profissional como pessoal). A primeira geração completamente alfabetizada, ou pelo menos, quase completamente alfabetizada - os nascidos nos anos 80 – tinha à frente dos seus olhos a prova – Estudar mais para quê?
A construção desmesurada deu dinheiro aos construtores e fornecedores dos construtores, aos transportadores de materiais, à logística. Quanto à pertinência, oportunidade, custo, viabilidade, de todas essas construções, houve de tudo. Só não se podia era parar de construir. Os madeirenses, pelo dinheiro que já entrou e entra todos os anos nesta ilha, deviam ser todos, pelo menos “remediados”. Não é nem foi, com toda a certeza, por falta de oportunidades. Mas vocês vêm como eu e o que eu vejo. As oportunidades não são iguais para todos. Tem sorte quem é escolhido para ter sorte. É competente quem é escolhido para ser competente. É posto de fora quem é escolhido para ficar de fora. Parte à frente quem é escolhido para partir à frente. Ganha quem é escolhido para ganhar e perde quem é escolhido para perder. E sabemos todos bem disto. Até sabemos quem são. Na cidade, no concelho, na freguesia, no sítio, no serviço. E nós deixamos. Olhamos para o chão e deixamos que levem a nossa parte. A parte que era suposto deixarmos para os primeiros passos dos nossos filhos no mundo. Mas abdicamos desse direito, dessa justiça, em nome duma alegada e auto-infligida sensação mentirosa de segurança. Resta-nos assistir aos nossos filhos a serem sugados. Vê-los muitas vezes a segurar a incompetência dos escolhidos para brilhar. Os nossos filhos, se forem mesmo bons profissionalmente, têm emprego assegurado, desde que sejam obedientes ao partido e que não se incomodem minimamente, por ver o resultado do seu esforçado trabalho a ser repetidamente usado para manter no lugar, um qualquer incompetente, escolhido para ser bom, e que ganha vinte vezes mais que ele sem perceber quase nada do que faz e cuja principal competência é ser partidariamente obediente. Ou é isto, ou vemos os filhos a emigrar. Vão embora, fazem vida longe e só os vemos e aos netos e bisnetos (quem tem essa sorte) de ano a ano, com sorte.
Mas, para mim, já dá. E para vocês, também já devia bastar. Vejam a realidade. Não se limitem a olhar. Vejam. Está tão claro. Um lamaçal. Não há vergonha, não se respeita nada. Está à vista de todos. No dia 26 de Maio votarei no partido que me der mais garantias de não se coligar com o PSD e que esclareça melhor o que fará perante os mais possíveis cenários.
O dia 26 de Maio pode ficar para a história como o dia em que os madeirenses disseram “Não!” o dia que disseram “Basta!”.
E seja o que for que possa vir depois, que nunca mais voltemos a deixar chegar a isto. A este triste ponto.
Vamos relembrar que os Madeirenses não têm dono.
Nuno Drummond
Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 27 de abril de 2024
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