U m dia destes em conversa com um PSD da velha guarda agastado com o rumo que o PSD está a levar dizia-me que “(…) a sorte do PSD é que não existe alternativa em quem votar”. Nem a propósito, Paulo Cafôfo começa a dar ar da sua graça. No seu facebook recorreu a uma piada sarcástica comparando o Plano de Recuperação e Resiliência ao Plano de Poupança Reforma para alguns.
Confesso que me ri com a piada e Paulo Cafôfo, só com uma simples frase, subiu um degrau na minha consideração embora ainda falte muitos degraus para chegar ao topo da escada.
Para quem já o julgava morto para a política, Cafôfo fez por me surpreender porque já me tinha habituado que o cidadão eleitor já não tinha hipótese senão de votar em branco, ou em desespero de causa, anular o voto com palavrões. E é precisamente aí que está o busílis da oposição na Madeira. Simplesmente ela não existe! Os que faziam oposição ao PSD mostram-se cansados e muitos já desistiram! Será que não vale a pena?
A teoria, curiosamente defendida pelo deputado do PS Carlos Pereira, de uma oposição construtiva com soluções alternativas a um governo que as usa sempre em proveito próprio, simplesmente não funciona com o eleitorado madeirense. Nenhum eleitor consciente vai votar no PS pelo facto de Carlos Pereira estar a ajudar o PSD a governar. E não é por acaso que o PSD considera que Carlos Pereira seria um bom presidente para o PS.
Do mesmo modo que o PSD ataca quaisquer falhas da oposição, esta deveria fazer o mesmo mas, o que acontece na prática é que temos uma oposição acomodada a uma fatalidade perpétua de ser sempre oposição. Exige-se da parte da oposição um combate persistente e contínuo de modo a desgastar sistematicamente o Governo o que não acontece.
O combate político de ideias deve-se fazer todos os dias demonstrando os erros do adversário relegando para segundo plano os eventuais aspetos positivos, veja-se que numa oposição com grande número de intervenientes na Assembleia Regional, que só de vez em quando e sempre os mesmos, inventam algo para criticar.
Paulo Cafôfo tem de dar o mote e comandar a agenda política regional fazendo do Partido Socialista um partido antissistema. Os madeirenses estão cansados de políticos que se colam ao poder económico como subservientes do próprio sistema e querem alguém que termine com a fábula de que os mais fortes vencem sempre.
Até às Autárquicas, o partido do poder irá utilizar os meios pagos pelos contribuintes para promover os seus candidatos e o PS tem de saber utilizar isso contra o próprio PSD.
Um exemplo do comodismo da oposição está bem patente no caso do financiamento partidário encabeçado por Rui Barreto, em que o PS limitou-se a apresentar uma queixa no Ministério Publico e esperar que a bomba rebente nas mãos do PSD. Mais vale esperar sentado!
O PS perdeu um filão por explorar e esqueceu-se de massacrar o PSD com o caso, e das duas uma, ou também tem culpas no cartório ou foi apenas falta de inação política dos seus protagonistas.
Quero acreditar que Paulo Cafôfo não fique apenas a gerir o seu PPR e que mostre aos madeirenses uma luz ao fundo do túnel.
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