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| Cada vez menos gente no jantar de Natal do PSD-M, Albuquerque não estava satisfeito... Faltou o Jaime Ramos para cobrir o Secretariado? |
O PSD reuniu-se para o seu jantar de Natal. Mesa farta, copos cheios, gargalhadas largas e fotografias estrategicamente divulgadas para provar que está tudo bem. Está tudo tão bem que quase dá para esquecer que a Madeira empobrece todos os dias. Quase.
Comecemos pela pergunta que nunca aparece no convite nem nas legendas das fotos: quem pagou o jantar?
Foi o partido? Foram os militantes? Foram “amigos”? Foram entidades com interesses pendurados em futuras decisões políticas? Ninguém explica, ninguém pergunta, ninguém exige esclarecimentos. No PSD, a transparência é como a decência: invocada nos discursos, ausente na prática.
As fotografias, por sua vez, são um espetáculo à parte. Um verdadeiro álbum de cromos dos lambe-botas do regime. Estão lá todos: os sorridentes profissionais, os dependentes estruturais do poder, os que mudam de convicção conforme a cadeira mais próxima. Gente que nunca aparece em protestos, em bairros pobres ou em filas de espera — mas que nunca falta quando há catering e flashes.
É um retrato fiel de um partido que já não governa para a população, governa para si próprio. Um círculo fechado onde todos se conhecem, se protegem e se aplaudem, enquanto lá fora a realidade insiste em ser inconveniente.
E depois há Miguel Albuquerque, o anfitrião simbólico desta comédia decadente. O homem que olha para:
- salários miseráveis,
- rendas obscenas,
- jovens a fugir da ilha,
- famílias a afundar-se em silêncio.
… e responde com jantares, discursos vazios e um otimismo artificial que já roça o insulto.
É preciso uma audácia quase científica para celebrar Natal após Natal enquanto a Madeira se torna mais pobre, mais dependente e mais desigual. É preciso uma completa desconexão moral para brindar ao “sucesso” de um modelo que só funciona para quem está sentado à mesa certa.
Miguel Albuquerque governa como quem vive numa bolha climatizada: lá dentro há conforto, segurança e aplauso mútuo; cá fora há contas por pagar e futuro a prazo. Mas isso não aparece nas fotos, portanto não conta.
O jantar de Natal do PSD não foi uma festa. Foi uma provocação.
Uma elite política a banquetear-se enquanto pede sacrifícios aos mesmos de sempre. Uma demonstração obscena de que o poder já não sente necessidade de disfarçar o desprezo.
No fundo, aquelas imagens dizem tudo:
- Um partido que já não escuta,
- Um governo que já não vê,
- Um líder que já não sente.
E um povo que já percebeu que, enquanto o PSD janta, a Madeira aperta o cinto.
Outra vez.
