Expo Natal – Porto Santo: do bolo de mel à surreal broa do Castro organizativa


Todos os eventos são bem-vindos no Porto Santo claro que são.

D esde que respirem, tenham luzinhas e alguém lhes chame “expo”, está tudo certo. Mas este ano, ultrapassámos fronteiras criativas: durante 10 dias, o pavilhão do Governo decidiu transformar-se numa espécie de Feira da Ladra deluxe, com venda de carros há mistura e versão bolo de mel, broa do Castro e tangerinas estratégicas.

A organização fica a cargo da AICTPS uma associação cujo nome parece saído de um acrónimo de bolso, (A de ANTONIO, C de CASTRO) mas que garante aval suficiente para ocupar um pavilhão que, imagine-se, serve normalmente… alunos. Esses seres mitológicos que, pelos vistos, podem perfeitamente interromper atividades durante dezembro porque, lá está, prioridades são prioridades. E uma feira de brelicotes é uma prioridade nacional.

Falaram na RTPM com entusiasmo de “40 empresas participantes”. Quarenta! Quem passou por lá viu sobretudo pessoal que trabalha no seu dia a dia e que, durante uns serões, decide vender umas bugigangas sem recibo, sem licença, mas com muita boa vontade e espírito de porta-bagagens. Com exceção claro de TRÊS OU QUATRO stands legítimos, uma raridade digna de museu.

E a ironia não acaba aqui. Enquanto a Vila está cheia de luzes, decorações e ambiente de Natal ou seja, o lugar natural para um mercadinho festivo ou Aldeia Natal, (invistam em tendas) o evento acontece num pavilhão fechado, afastado da dinâmica da época. Talvez para dar um toque de clandestinidade elegante, quem sabe.

A Câmara assiste serenamente. O Governo aparece em grande estilo, até com presentes distribuídos em cima de um cavalo na abertura.

Vende-se umas vinhaças, umas bifanas, e pronto: mais um aval conquistado pelo Castro, que aqui já quase parece José Fidel pela habilidade organizativa.

Entretanto, a comunidade escolar fica esmagada, deslocada e desvalorizada por um capricho alheio mas tudo bem, é Natal, e no Porto Santo já se aceita de tudo embrulhado em laço.

Que no próximo ano alguém tenha a boa vontade de repensar onde, como, quando e para quem se faz este evento. Porque “tradição” não devia ser sinónimo de improviso, nem “Expo Natal” sinónimo de barracão gourmet de bugigangas. Damos a desculpa do primeiro ano e esperamos que entrem realmente 7 mil pessoas no primeiro dia para 2026 como diz na peça da RTPM. Que 7 mil este ano nem contando com os negrinhos da restauração. Lástima….