A ludir acerca das virtudes de quem quer que seja — vero ou não — sempre foi mais plácido e balsâmico por massagear egos. Um paradoxo do cotidiano, em que ser honesto, parece ofensivo, risível, provocativo, bizarro. Nas palavras da patrística Agostiniana, “Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem”. Dizer o que todos querem ouvir é eficaz, mélico, ventila poético, ainda que não genuíno! Nessa perspetiva, Freud corrobora com essa ideia, quando afirma que “Podemos nos defender de um ataque, mas somos indefesos a um elogio”.
Nas últimas eleições depois de um processo interno rocambolesco em que num dia o candidato era um e noutro era outro emergiram duas figuras, hoje sinistras no espetro político regional – Mónica Freitas e Marco Gonçalves
A corrupção na sua acepção, no seu mais imerso sentido lato sensu corresponde à decomposição das relações humanas, éticas e morais, manifesta como pandemia regional, coadunada à vaidade, à soberba e à arrogância de dois indivíduos insaciáveis.
Sabemos hoje que Marco Gonçalves enquanto jantava em casa de Joaquim Sousa preparava a sua substituição por Mónica Freitas porque este era intransigente no que à política de alianças dizia respeito e não aceitava negociar uma aliança com o PSD. O PAN “Corresponde à ideia de decomposição. Na esfera das relações humanas em particular, está relacionado ao subornoː ato ou efeito de se corromper, oferecer algo para obter vantagem em negociata onde se favorece uma pessoa e se prejudica outra”.
A necessidade de uma reflexão profusa e mais demorada acerca dessa questão, insidiosamente, em simbiose com a desonestidade e a imoralidade política — não tão somente —, que permeia todos os setores da sociedade e desnuda o quanto os princípios éticos do certo ou errado, tem sido uma linha tênue! “Nosso caráter é o resultado da nossa conduta”, afirmou o filósofo grego Aristóteles.
Na Madeira normalizamos o “sabe com quem está falando?”, do “jeitinho que não é desonesto”, é hábito. É norma, é estrutural. Contudo, imoral, desrespeitoso. Segundo a ONG Anticorrupção Transparência Internacional, numa avaliação de 2020 entre 180 países, pioramos a perceção de corrupção.
“A corrupção não é uma invenção portuguesa, mas a impunidade é uma coisa muito nossa”, que fomenta as benesses dos “sabe com quem você está falando?”.
Quantos reiteram de modo explícito e categórico que “todo político é ladrão”. Naquela máxima popular de quem “não é corrupto, quando for eleito, tornar-se-á”. Desembocando na reflexão latente: E desde quando ser ladrão é/seria habitual e admissível?
No universo futebolístico, por exemplo, observa-se, um festival de comportamentos, atitudes reprováveis e de desonestidade explícita.
O que nos devia impelir para uma revisão de conceitos, frente a convicção de que não podemos perpetuar a ideia de que o errado é certo, numa nítida evidência que ser ético, constrange!
A histórica cultura da “esperteza”, da “malandragem” e do “jeitinho madeirense de sermos todos família” é muito diferente de ser honesto.
A corrupção ordinária, a desonestidade travestida de sucesso, abre abismos sociais, invisibiliza a justiça e a ética.
Em todos os segmentos da sociedade, existem pessoas honestas, de conduta íntegra, bem como aquelas desprovidas de qualquer brio ou princípios. Indivíduos competentes, confiáveis, bem-intencionados, comprometidos e idealistas, como também, os incompetentes, de moral duvidosa, sórdidos. Seja político, jogador de futebol, professor, médico, advogado, padre, empreiteiro, empresário, famoso ou anônimo, a corrupção é desvio de caráter, é crime, que fere a alma, que não tem “cara”; já o resultado, nota-se em cada pobre da região; em cada criança em situação de risco social, familiar; na qualidade da educação; na insegurança da segurança pública; os fiéis sabujos onipresentes nas promíscuas e íntimas relações entre o público e o privado!
A pergunta que se devia fazer para que a sociedade corrompida possa despertar desse estado letárgico, de indivíduos mais conscientes e críticos, intolerantes à desonestidade, que precisam ter clareza e a certeza, que corrupção não é exclusividade de classe política.
Sendo um espectro intrínseco nas nossas relações diárias e inerente à condição de indivíduos involuídos e velhacos. E as grandes reflexões filosóficas, sociológicas em Rousseau, Hobbes, Maquiavel, Nietzsche, etc.
O homem é bom por natureza, mas a sociedade o corrompe? Ou o homem é o “lobo do homem”? “To be or not to be, that is the question”, em Hamlet de Shakespeare.
Isso quando o parvo, não é amigo do amigo de um meritocrata dos privilégios, típico do ranço do colonialismo provinciano e patriarcal que nos pariu, das raízes malditas, vergonhosas da colonia e da Cleptocracia.
O Barão de Montesquieu afirmou, que “a corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus princípios”.
Na longa caminhada que comporta estes 47 anos de democracia, sempre houve aqueles que se alaparam ao poder sem convicção, mas com interesse para deste tirarem benefícios, sejam eles salariais para si próprios ou para os seus familiares. A Mónica e o Marco não passam de dois vulgares "corruptos" que se venderam ao poder, em troca de permitirem que os de sempre continuem no poder, ainda que para isso tenham enganado a quem lhes deu a mão e a todos os que enganaram para garantir o voto.
O PAN prejudicou a democracia e todos aqueles que acreditaram que “os políticos não são todos iguais”, na incansável luta pela construção de uma sociedade mais fraterna, justa e honesta.
Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 21 de janeiro de 2024
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