Q uem diria que seria um reitor madeirense, de sangue insular, alma de levada e coração de poncha, a "vender" a Ilha da Madeira e a sua preciosa universidade aos chineses? Logo um madeirense, essa raça de homens e mulheres que resistem a tudo: ao vento norte, à ausência de "Cristiano Ronaldos" na seleção e até ao turismo em massa de "camones" a perguntar onde é que fica o Cabo Girão.
Era mais fácil imaginar um "Castanheira" ou um "Carmo", esses sim, com sobrenomes de gente continental, que já vêm com um ar de "colonizador" incluído no pacote. Esses, quando entram num café em Câmara de Lobos, já trazem no bolso o guia "Como Integrar-se sem Parecer Demasiado Continente" e uma lição estudada sobre a história dos Descobrimentos. Se fossem eles a vender a ilha, toda a gente diria: "Ah, claro, foi mais uma jogada do 'Sistema'. Vieram cá os 'lisboetas' com os seus papéis cheios de carimbos e com um olho nos pastéis de nata e o outro no 'Espadarte'. Era óbvio!"
Mas um madeirense? Isso ninguém esperava. Ainda por cima o reitor! Um homem que, se calhar, até nasceu num quarto com vista para o mar, cresceu a ouvir os sinos das igrejas de Santana. Um reitor que, ao que parece, num certo dia acordou e disse: "E se eu vendesse isto tudo aos chineses?" Se calhar foi depois de uma conferência de geopolítica, ou então de um almoço de 'espetada' com garrafão de vinho, vai-se lá saber.
E os chineses? Ora, os chineses adoraram a ideia! Já estavam de olho na Ilha há muito tempo. "Madeira", pensavam eles, "é como um Hong Kong, mas com mais montanha e menos arranha-céus". E a universidade? Bom, para os chineses uma universidade é sempre um bom investimento. Em breve vamos ver cursos como "Engenharia de Levadas com Tecnologia 5G", ou "Culinária Chinesa com um Toque de Espetada". Ah, e claro, uma disciplina obrigatória: "História Comparativa: A Grande Muralha da China vs. A Grande Muralha de Machico".
No final, o madeirense reitor ainda se defendeu, claro. "Não vendi, não! Foi uma parceria estratégica!" – disse ele, de fato e gravata (comprados no Funchal, claro) – "Para o bem da Ilha e da Universidade, porque isto de ser só ilhéu é muito bonito, mas e o desenvolvimento, minha gente?".
Enquanto isso, os "Carmos" já devem estar por aí a engendrar planos ainda maiores: talvez vender o Cabo Girão para construir um parque temático continental ou fazer do Curral das Freiras uma filial da Assembleia da República.
E assim vai a vida na Pérola do Atlântico...
Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 6 de Outubro de 2024
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