Formação sem aproveitamento

 

S ou um dos muitos que participaram nas conferências de Turismo onde um dos oradores foi Carlos Coelho, um dos fundadores da empresa Ivity Brand Corp. Com 35 anos de experiência, emitiu a sua opinião ponderada sobre a situação da nova Imagem de Marca da Madeira no seu Facebook. No meio deste fogo cruzado, entre os que não gostam e estão contra e os que são a favor por alguma razão mesmo com todos os indícios perturbadores que nos colocaram nas bocas do mundo, surgem palavras sábias que gostaria ver replicadas no CM:

Gostaria de deixar aqui uma nota sobre a marca da Madeira, com o ponto prévio de que não pretende ofender de nenhum modo os profissionais envolvidos neste projecto, alguns dos quais conheço e me merecem todo o respeito.

Gostaria no entanto de dizer:

Sim, os produtos analisam-se pela imagem, a qualidade intrínseca não é suficiente, a qualidade percebida é pelo menos metade da equação.

Não, a notoriedade obtida através de uma reação viral negativa não constituiu um ativo de uma marca, pelo contrário, remete-a para um lugar de desconsideração e desvalorização.

Não, uma marca territorial não deve, não pode, estar desassociada da verdade objectiva desse território, sob pena de se tornar apenas um papel de embrulho colorido, rejeitado pelos locais e descartado pelos visitantes.

Sim, uma marca territorial têm de ser um retrato da alma de um povo, um reflexo da história, da cultura, da geografia. O que seria este exercício feito para Portugal Continental !

Uma marca é conteúdo, longevidade. Uma campanha é contexto, notoriedade; idealmente em sintonia absoluta.

Neste caso misturando-se as duas, a marca ficou de longe a perder. Não nasceu com uma esperança de vida muito longa, infelizmente para todos nós.

A legitima procura de modernidade nem sempre leva aos melhores caminhos. Tenho pena que esta nova marca não seja o que poderia ter sido e que, para dentro e para fora de Portugal, pareça que continuamos a fazer turismo nas nossas mais preciosas marcas. Adoro a Madeira, e essa, onde a floresta Laurisilva remonta ao terciário e resistiu ao degelo, continua tão linda!

Se a Madeira não reconhecer o erro será tempo, dinheiro e promoção perdida, o problema é que estamos todos conscientes menos os que cometeram os vários erros. Isto não é a teoria da política que, bem ou mal, importa é que falem. Estamos numa crise de razia completa no nosso turismo, o que não precisávamos era desta cena. Com tanto tempo que medeia a adjudicação em 2019 e a sua apresentação, com mais adiamentos devido à Covid-19, houve demasiado tempo para ponderar e acertar.

Termino com a agressividade do destino Malta que dá até 200€ a quem opte por férias naquele país neste Verão. Com essa singularidade conseguiu de borla notícia no Euronews (link). A solução não é mais do que a fórmula muito usada em navios de cruzeiro, onde oferecem algo, o terceiro passageiro no mesmo camarote, um valor em bebidas, borla nas gorjetas à tripulação. O incentivo faz criar oportunidade para outras despesas, mantém o destino a funcionar e ao fim ao cabo ganha mais em vez de perder. Com as prima-donas que temos na região, a lealdade tachista e apoios interesseiros, para além dos esquemas de adjudicação de serviços não vamos a lado nenhum.

Manter algumas pessoas que estão sempre a errar não é medida que salvaguarde o Turismo fonte de rendimento de muitos mais e 30% do nosso PIB. Por um, dois, três, "mata-se" milhares. Também não foram à tropa?

Enviado por Denúncia Anónima
Sexta-feira 16 de Abril de 2021 23:27
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