C om a vontade de privatizar trilhos e levadas chegaste ao topo da ousadia. Não te esqueças que os bens públicos são de todos, não do governante e seus amigos e quem elege é o povo e os eleitos são seus representantes. Sei que foste escolhido, indigitado, mas tens um cargo público para defender os madeirenses. Quando se "vende" a ilha, o Povo perde, mar e serras são uma ousadia.
Na Madeira, a beleza natural e a identidade coletiva são os nossos maiores tesouros, a sombra da privatização desenfreada paira como uma ameaça. A ideia de que "quando tudo for privado, seremos privados de tudo" ecoa com uma verdade arrepiante, especialmente quando vemos o património e os serviços públicos serem alvo de interesses restritos e amigos do poder. Só faltava a natureza, mar e serras, trilhos e levadas, o nosso antídoto do "burnout".
Não se trata de modernizar ou otimizar, mas sim de uma entrega silenciosa. O que é de todos, a nossa saúde, a nossa educação, os nossos recursos naturais, até a nossa paisagem, correm o risco de ser transformados em lucro para alguns privilegiados. E atenção, o usufruto também, parece o subsídio social de mobilidade que os ricos gostam muito. Quando hospitais, escolas, transportes e até mesmo as nossas praias forem geridos por quem apenas visa o ganho financeiro, onde ficará o acesso universal? Onde ficará a qualidade para todos, e não só para quem pode pagar? Acha que a Madeira é infinita para se explorar neste liberalismo sectário de amigos e lóbis?
A privatização total é um caminho sem volta que nos rouba não só bens materiais, mas também a nossa autonomia, a nossa dignidade e o nosso futuro coletivo. É tempo de questionar, de resistir e de proteger o que é nosso. A Madeira não é uma mercadoria a ser vendida aos amigos do poder. É a nossa casa, e temos o dever de a defender para as gerações vindouras. Não permitamos que a nossa ilha, e tudo o que ela representa, seja privatizada até ao ponto em que sejamos privados de tudo.
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