O mistério da Madeira, gente inteligente... votos mágicos.


O ra bem, vamos esclarecer uma coisa de vez: o povo da Madeira não é burro. Longe disso. O madeirense sabe o que custa a vida, conhece os cantos à casa, e tem uma memória de elefante (principalmente quando se trata de quem lhe ficou a dever dinheiro). Portanto, essa conversa de que o povo "vota sempre nos mesmos porque é ignorante"... é treta da grossa.

Talvez — e reparem bem no talvez — o problema esteja noutro lado.

É que há coisas que, mesmo numa ilha, cheiram a maré podre. Votação antecipada com mais inscrições do que habitantes de algumas freguesias? Check. Boletins que aparecem onde não deviam, ou desaparecem onde deviam estar? Check. Falta de fiscalização em mesas de voto como quem diz "confiem em nós"? Check. Tudo isto embrulhado num manto de normalidade tão grosso que até o Comissão Nacional de Eleições prefere fingir que não viu nada, virar a cara para o lado e talvez... ir tomar um poncha.

Mas claro, o discurso oficial repete-se: “O povo escolheu.” Pois claro que escolheu. Só ninguém diz quantos desses votos foram assistidos, empurrados, convencidos ou... convenientemente contados. Ninguém pergunta porque é que os mesmos senhores ganham sempre, mesmo quando até nas festas de verão já ninguém os convida para subir ao palco.

Aliás, se a democracia madeirense fosse um bolo de mel, já estava com bolor.

A Comissão Nacional de Eleições? Bem, essa parece um cão de porcelana: está lá para dar ideia de guarda, mas não ladra, não morde e raramente se mexe. Desde que o boletim tenha quadradinhos e não esteja em chamas, está tudo em conformidade.

Portanto, caro madeirense, talvez a culpa não seja tua. Talvez já estejas a votar diferente e se o processo fosse limpo, transparente e sem jogos de bastidores….

Há quem diga que o povo madeirense já começou a votar diferente, só que os resultados finais continuam milagrosamente iguais. Estranho, não? Talvez não seja o povo que esteja a repetir o voto, mas sim o sistema que repete os resultados. E onde anda a Comissão Nacional de Eleições nisto tudo? Provavelmente ocupada a organizar dossiês, a beber um chá de tília na Quinta vigia ou a ver se o Wi-Fi funciona, porque fiscalizar, o que é fiscalizar a sério, nem vê-la. Será que o primeiro-ministro Luís Montenegro não tem nada a dizer sobre isto? Talvez uma ideia fosse mudar a equipa da CNE e pôr lá gente que consiga distinguir entre uma eleição e um sketch dos Gato Fedorento. Porque quando a democracia começa a parecer uma encenação mal feita, alguém do continente devia, pelo menos, levantar a sobrancelha. As autárquicas estão à porta Miguel Albuquerque. Veremos se o povo madeirense é assim tão ignorante como tu julgas que é.

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