Qualidade de vida


O que é ter qualidade de vida? Ter dinheiro? Ter saúde? Ter trabalho? Ter felicidade? Ter todos os anteriores? Venho aqui escrever a minha opinião sobre o assunto do dia, que também me afetou, e que constitui uma situação problemática que tem vindo a crescer ao longo dos últimos anos: o [excesso de] trânsito.

Sou do tempo em que se andava de autocarro pelas estradas regionais desta terra, as distâncias eram as mesmas de hoje, mas com estradas piores e carros da época, demorava-se muito mais que hoje a chegar aos nossos destinos. Também havia trânsito, às vezes por uma derrocada ou por uma avaria ou acidente, mas facilmente as coisas se resolviam.

Vamos considerar agora a Via Rápida: o volume de veículos que esta via alberga é muito superior a qualquer outra via regional e, em dia de trânsito lento vulgarmente chamado de "engarrafamento", o número de veículos deixa-me alarmado e a pensar em qual o rumo que estamos a tomar para o nosso futuro, para o nosso bem estar.

Hoje em dia, é fácil cada pessoa ter o seu automóvel. Trabalhador ou não, cada indivíduo é livre de ter carro e mota para si, para a/o esposa/o, para o filho e para a filha, e daqui a nada enche-se a garagem com dois, três ou mais carros, fora os que ficam "lá fora" parados em cima do passeio ou no lugar de morador. É a tal mentalidade de se ir para todo o lugar de carro, ficando os transportes públicos reservados aos estudantes, reformados e poucos mais. É como se andar de transporte público denegrisse a nossa imagem social, fazendo-nos parecer mais pobres. Assim, o ilhéu, que também quer mostrar que tem dinheiro (sabe-se lá de onde!!) e ostentar o seu M3, M4 ou M5, Q3, 4matics, Amg's, Teslas, GTis e etc... Vive-se só para a imagem social, muitas vezes com altos custos para o agregado familiar, mas o importante é ostentar bem, sorrisos no rosto e fica a parecer uma família estável e feliz.

Todavia, anda muita gente a pagar um crédito automóvel, e anda a contar trocos para comprar comida... triste realidade!

Não critico quem tem carro. Eu tenho carro e devido às distâncias que percorro, levaria horas a deslocar-me de autocarro todos os dias. Mas considero que devemos começar a pensar na nossa qualidade de vida enquanto cidadãos de uma região que, apesar de todas as grandezas, é uma região geograficamente pequenina e com poucos espaços de circulação.

Para isso tenho algumas sugestões:

1. Limitar a circulação de veículos particulares em determinadas zonas centrais

Imagino um futuro em que, por exemplo no Funchal, saímos da Via Rápida, estacionamos  num grande parque de estacionamento onde estão presentes bombas de combustível, postos de carregamento para v. elétricos, oficinas, lavagens, supermercados e outros serviços, e onde existe um pequeno terminal de autocarros e táxis, de onde apanhamos o nosso transporte público para o nosso destino.

2. Promover a partilha de lugares no nosso automóvel

Hoje, no trânsito, quase todos os veículos que vi (o meu inclusive) só levavam uma pessoa que era o condutor. Se pensarmos bem em todos aqueles carros, cada carro que ali circulava na VR levava 4 lugares vazios. Ora, multiplicando 4 lugares pelo número de veículos presos no trânsito deste o Caniço até ao Funchal, daria certamente para encher os Barreiros...

Portanto, tem de haver uma consciência de partilha entre todos nós; se não quisermos dar boleia a desconhecidos, que, pelo menos, façamos uma gestão familiar para darmos boleia aos nossos primos, irmãos, pais, tios, sobrinhos, etc. 

3. Transportes públicos nas escolas

Em vez de vermos aquela "selvajaria" de papás e mamãs que param o carro num metro quadrado onde dê para parar, porque não haver uma rede pública de transportes que façam a deslocação dos estudantes para grandes parques de estacionamento, onde os pais possam estacionar à vontade, sem "entupir" o trânsito da rua adjacente à escola? Porque é que continuamos a ver as famosas faixas "Kiss&Go" a serem completamente desrespeitadas com estacionamentos à descarada?

Embora eu tenha mais ideias restritivas (e polémicas) julgo que havendo uma boa vontade da nossa sociedade e da classe política poderemos almejar ter alguma qualidade de vida. Pois porque se considerarmos este problema, vamos poupar dinheiro, logo, vamos ter dinheiro. Se considerarmos este problema, vamos sofrer menos stress, logo, vamos ter mais saúde. Se considerarmos este problema, vamos tornar a circulação mais eficiente, o que irá impactar o nosso trabalho positivamente, logo, vamos ter mais e melhor trabalho.

Se considerarmos este problema, vamos ter mais felicidade, sem sombra de dúvida.

Caro leitor, pense nisto por favor.

Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 15 de Dezembro de 2021
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