A Sinagoga do Funchal está em perigo. O antigo templo judaico no número 33-A da Rua do Carmo poderá em breve desaparecer e ser convertido num banalíssimo bloco de apartamentos. Isto deve preocupar todos os madeirenses.
A destruição da Sinagoga é um crime contra a cultura. O imóvel é uma referência única da presença judaica na Madeira e, qualquer povo civilizado, deve preservar a sua diversidade cultural. Foi o que fizeram os açorianos, que em 2015 recuperaram a Sinagoga de Ponta Delgada (link Açoriano Oriental, 3-2-2015).
A conversão do edifício também é um crime económico, sobretudo numa região dependente do turismo. Os centros judaicos atraem turistas de qualidade e são alavancas do desenvolvimento. Ainda hoje, o site TripAdvisor refere a nossa Sinagoga como uma atração turística e os visitantes criticam o desleixo dos madeirenses.
O comportamento dos nossos responsáveis é uma vergonha. Alguns sublinham que o imóvel é privado, para justificar a sua inação. Outros negam o óbvio e dizem que não há provas da atividade religiosa. (link Funchal Notícias, 20-6-2015: Sinagoga do Funchal desconhecida e esquecida).
A atividade da Sinagoga está bem documentada pelos historiadores. O edifício foi construído em 1836 pela família Abudarham de Marrocos e renovado em 1914 pelo arquiteto Miguel Ventura Terra, que também projetou a Sinagoga de Lisboa. Os judeus funchalenses utilizam o espaço no início do século XIX e em 1857 o seu primeiro rabi David Zaguri assume funções.
O interesse pelo edifício renasce no século XXI. Em 2013, a comunidade judaica celebrou aí a sua Páscoa. E em finais de 2021, a visita do embaixador israelita Dor Shapira confirma a importância do imóvel. Quem sabe, o triste caso da Sinagoga talvez ainda tenha um final feliz. Todos sairíamos a ganhar, sobretudo agora que o Funchal prepara a candidatura a capital europeia da cultura.
Flávio Sousa
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