O utrora abrigo de animais ou refúgio de contrabandistas, hoje surge no mercado como “imóvel” e “oportunidade de investimento”. Sou deputado municipal do Funchal por um partido de centro-direita, e digo com toda a franqueza: não percebo. Fico sem palavras.
- Trabalhadores não conseguem pagar uma renda.
- Jovens continuam presos em casa dos pais.
- Famílias vivem com medo da próxima atualização de contrato.
E, no meio desta crise, aparece uma caverna à venda. Chamam a isto progresso? Ou voltámos à Idade da Pedra?
Importa esclarecer: o vendedor não tem culpa — está apenas a fazer o seu trabalho. O verdadeiro problema é político. É o retrato da habitação na Madeira, onde até buracos na rocha tornam-se negócio, enquanto o Governo Regional esbanja milhões em festas, propaganda e cartazes coloridos.
A dura verdade é esta: quem trabalha na Madeira não consegue pagar casa. Nem comprar, nem arrendar. O sonho de uma habitação digna reduziu-se a uma gruta na Ribeira Brava.
E ainda há quem diga que a crise habitacional é invenção da oposição. Pois. Qualquer dia vendem tendas no Parque de Santa Catarina como “suites panorâmicas com vista mar”.
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