R ui Marques tem procurado vender a sua narrativa, tornando-se repetitivo, na esperança de que uma "mentira repetida mil vezes se torne verdade", de que licenciou por despacho obras particulares, ou dispensou licenciamentos de fiscalização, para "ajudar" obras de pessoas carenciadas. O seu objectivo, repete vezes sem conta, foi "ajudar o povo" e ajudar pessoas com dificuldades económicas. O próprio Miguel Albuquerque prontificou-se a vir defender o seu deputado e recandidato à Câmara dizendo que foi tudo feito para ajudar as pessoas.
Mas, afinal, que pessoas é que foram ajudadas?
No despacho de pronúncia do Juízo de Instrução Criminal do Funchal, no qual o magistrado titular considera haver fortes indícios da prática de crimes de colarinho branco: prevaricação, abuso de poder e violação de regras urbanísticas por titulares de cargo público, é possível encontrar as ligações entre os beneficiados, amigos e militantes do PSD, e o então Presidente de Câmara Rui Marques.
A mansão que Mirla e o seu esposo Simão construíram no Lugar de Baixo é uma das obras que viola as regras de urbanismo, com o conhecimento e autorização do Presidente de Câmara Rui Marques.
Um favorecimento a amigos e militantes do PSD, neste caso, cheio de dolo e intenção, em que a lei foi violada, que contrasta com outros anónimos que se viram obrigados a cumprir a lei. Esses sim, alguns deles, com carências económicas.
Que são Mirla Fernandes e Simão Santos?
Mirla Fernandes é militante do PSD e foi nomeada no gabinete do Presidente de Câmara Rui Marques quando fez obras na sua casa que violavam as regras urbanísticas. Os serviços alertaram o presidente que "fechou os olhos". Com a saída de Rui Marques da Câmara, Mirla Fernandes foi para Secretaria da Cultura e Turismo, onde chegou a ser nomeada Técnica Especialista. Uma pessoa com grandes carências económicas como se vê... Hoje Mirla Fernandes (numa atitude suicida para este processo) aceitou ser a n°3 de Rui Marques na candidatura à Câmara Municipal.
E Simão Santos? Foi Presidente da JSD Ponta do Sol nos primeiros tempos da presidência de Rui Marques, casou com Mirla Fernandes, tendo Rui Marques como padrinho de casamento, chegou a presidente da Assembleia Municipal da Ponta do Sol, eleito pelo PSD, por desistência dos primeiros da lista, voltou a candidatar-se ao lugar, perdeu, e hoje é deputado municipal. Tem também um cargo de chefia nos bombeiros profissionais do Funchal. Outra pessoa de grande carência económica como se vê....
A Policia Judiciária na sua investigação conclui que foi montado por Rui Marques um sistema paralelo de licenciamento de obras particulares na Ponta do Sol. E a Juíza descreve que o comportamento de Rui Marques preenche os tipos legais de crimes de titulares de cargos públicos, podendo, em caso de condenação, ser penalizado com uma inibição do exercício de cargos públicos e, eventualmente, uma pena de prisão, até porque existem outros processos crime que devem ir parar a julgamento.
Como vimos, os benefícios foram a uns, amigos e militantes laranjas, sem necessidades económicas, ao arrepio da lei, com grave prejuízo para os restantes munícipes.
Outra mentira de Rui Marques foi dizer que vai recorrer. Um despacho de pronúncia não admite recurso. Rui Marques vai ter de ir a julgamento nos próximos meses.
Até lá, claro, não obstante os fortes indícios, será sempre inocente. Pelo menos até ao final do julgamento.