Q uem sucessivamente passa por crises, uma atrás da outra, são as famílias e as empresas que não têm apoios nem andam junto do poder. Há quem trabalhe e seja pobre, há quem arrisque as suas economias e seja sempre o último a receber, chamam-nos de empresários. Andamos sempre apertados de dinheiro, a região vai à falência, o país vai à falência, os bancos vão à falência mas nós salvamos, são uns ladrões mas estão protegidos para levar o que é das pessoas, seja em que circunstâncias for, e depois as pessoas que se desgraçam ainda pagam impostos para salvar.
Veio a Covid, veio a guerra, e a malta aguenta sempre, mas depois os números ditam a pobreza crescente, os censos com a população a mingar apesar de toda a gente aqui metida para ganhar eleições. Ainda não perceberam que o madeirense precisa de atenção. Todos! O ambiente não é o mesmo, é droga e crime, mas continuamos a viver esta doce alegoria do cantinho do céu que até nos faz desejar o inferno.
Há 46 anos que andam a infraestruturar a Madeira, e a renovar já as infraestruturas, mas isso não reverte em aumento de rendimentos e justa distribuição da riqueza. Mas continuam a ter a lata de dizer que as obras "auto-pagam-se", nenhum campo de golfe foi assim. Nunca param. Vemos uma elite sempre a crescer e querem mais, mais e mais, e o resto fica dependente, fraco e pobre, de propósito para serem manobráveis com migalhas, esmolas e caridadezinha. À mercê do poder político e dos empresários do regime que escravizam. A cada Natal estou menos crente, só me apetece chegar a janeiro para não ver tanta hipocrisia. Na Madeira nunca se encara a Revolução Social ou a Obra Social com a dignidade que os madeirenses merecem.
Está aí o maior jackpot que algum dia o Governo Regional e seus amigos sonharam, tanto dinheiro que nem lhes dá tempo nem têm meios para consumir tudo, mas como "porcos" ficaram com tudo, o governo administra tudo para os de sempre (PRR). Se o Plano de Recuperação e Resiliência fosse colocado à disposição das famílias e das empresas, com justo apoio e na perspetiva de reduzir despesas e criar resiliência para alterações climáticas, energia, saúde e rendimentos, tenho a certeza que o dinheiro se esgotaria bem distribuído com toda a gente a trabalhar. Seria um balão de oxigênio de dinheiro a circular e promovia a redução de custos.
O engodo é sempre o mesmo, mas então não querem uma estrada pavimentada? Claro que sim, vai-se votar neles, eles roubam mas fazem. Contudo, são sempre obras e nunca há um espaço para as pessoas em 46 anos, estamos condenados a ver sempre a mesma coisa, há sempre espetada para matar a fome e fazer uma fotografia com tanta gente.
Se ninguém vos informou, o madeirense está a desaparecer da sua terra. Em contraponto, a Madeira será terra de foragidos e bandidos, de branqueamentos e fugas, de dinheiro sujo e plataforma de negócios suspeitos, de um povo mantido pobre e com medo, ensinado durante anos como se é de sucesso e a permitir que a situação prossiga: integra a máfia no bom sentido.
É o madeirense que se está a matar por cada esperteza saloia.
Não estou contra a obra, há mais formas de ser a favor das pessoas, de lhes dar justa vida, de permitir o espírito crítico e o avanço civilizacional. Não somos vanguarda pela metade, somos retaguarda, o fim da linha, o elo fraco, o último assunto a merecer atenção tal como o bom empresário é o último a receber.
Qual o Plano de Recuperação e Resiliência dos seres vivos pensantes desta terra?
Enviado por Denúncia Anónima.
Segunda-feira, 19 de Dezembro de 2022
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