E m 2016, os incêndios que deflagraram na ilha da Madeira destruíram enormes áreas florestais e urbanas. A orografia do terreno, a humidade relativa, inferior a 20%, com temperaturas acima dos 35°C e ventos na ordem dos 70Km foram o rastilho para a propagação do fogo.
O rastilho estava lá, mas a ignição incêndio teve mão humana e levou à condenação de um homem pelo crime de incendio florestal e de homicídio negligente, sendo aplicada, em cúmulo jurídico, a pena de 14 anos de prisão efetiva.
Como consequência dos incêndios, as serras da Madeira ficaram sujeitas à erosão dos solos, o que levou alguns especialistas da área a considerar o incêndio de 2016 como o maior desastre ambiental do século.
Depois dos incêndios, alguns engenheiros florestais (não os vou identificar) consideraram a Giesta um modo fácil de combater a erosão dos solos e um modo expedito de nutrir os solos pobres das zonas altas da Madeira. As Giestas foram usadas inclusive para proteger algumas novas plantações - pagas a peso de ouro - da agressividade do clima da zona, ou seja, a Giesta foi considerada uma oportunidade para reconstruir o manto verde da floresta queimada. Nada mais errado, a agressividade da Giesta matou as plantas obrigando à sua replantação, ou seja, à perduração do negócio da reflorestação.
Com a cumplicidade do IFCN - Instituto de Florestas e Conservação da Natureza, a giesta propagou-se a uma velocidade incrível pois, entre 2016 e 2022, a área ocupada pela invasora Giesta triplicou, nomeadamente desde da zona do Areeiro, Paredão e até aos limites de São Roque.
Poucas pessoas sabem que a Giesta é uma planta leguminosa, reconhecida para fins medicinais muito utilizada em chás, problemas respiratórios, reumatismo, indigestão, sendo até utilizada como calmante e sendo as suas flores comestíveis em saladas.
Em tempos idos, antes do uso indiscriminado de químicos como adubos, a Giesta-das-Serras, a Carqueja e a Feiteira, ricas em Azoto, eram semeadas pelos agricultores madeirenses como fertilizantes que, depois de misturadas com o estrume das vacas, faziam crescer as semilhas.
Apenas neste século é que a Giesta, a Carqueja e a Feiteira foram consideradas plantas invasoras, que se forem ignoradas e limitadas pelo homem, podem se tornar um grande problema.
É fácil declarar uma planta como infestante, mas controla-la não é para os políticos que temos no IFCN. Veja-se o caso das Hortências - que foram declaradas infestantes - decidindo-se na Madeira pelo seu “genocídio”. Note-se o bom exemplo dos Açores, onde as belíssimas Hortências continuam a ornamentar as bermas das estradas, sendo muito bem controladas por quem sabe. Dá trabalho? Sim, dá!
Cabe às entidades públicas - com responsabilidade na área - usarem o mal para o bem. A compostagem da Giesta, da Feiteira e da Carqueja podem trazer vantagens para a ténue agricultura madeirense, basta que para isso alguém descubra que pode fazer muito dinheiro com a Giesta.
O incêndio de 2016 foi a gota de água para uma década de passividade, em que arderam mais de 6000 hectares de floresta madeirense, de uma ilha turística que vive do verde das suas serras e, a culpa dos seis milhões de euros gastos, é da malvada Giesta.
Enviado por Denúncia Anónima.
Terça-feira, 16 de Maio de 2023
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