P eço antecipadamente desculpas aos leitores do CM porque ainda me estou a rir. Ontem no CM alguém publicou uma imagem com uma senhora a fazer o dedo do meio (link) e os comentadores do Facebook não se fizeram rogados. A maioria não percebeu que o dedo do meio não era para os madeirenses, mas sim para os que julgam que, aqui na Madeira, somos todos deficientes mentais. Mas será que afinal têm razão?
Se o referido no texto não é para rir, não consegui conter o riso com alguns comentários. Tenho a certeza de que maioria dos comentadores nem leu o texto e tirou as suas conclusões apenas com o dedo da senhora. Apenas uma pequena maioria percebeu que o dedo do meio era apenas para os políticos e significa (para não utilizar calão) “vão-se lixar!”.
Pelos comentários, não posso deixar de dar razão ao Sr. Presidente da Assembleia Regional da Madeira que, numa hora rara de lucidez, afirmou que o nível de iliteracia dos madeirenses é preocupante. A grande verdade é que o nível de cultura e o analfabetismo de alguns madeirenses é catastrófico, sendo uma das razões do poder perpétuo que existe na Madeira.
Quanto ao CM – e permitam-me que os critique - julgo que a vossa estratégia peca por serem demasiado elitista. Os textos para terem impacto têm de ser básicos e diretos. A maioria dos vossos textos usam a ironia e insinuam de uma forma indireta, por isso passam ao lado dos vossos objetivos de esclarecer a opinião pública. Sei que a culpa não é inteiramente vossa porque os poucos madeirenses que sabem escrever fazem-no nos jornais, uns por mérito, outros por vaidade assinando o seu nome na expectativa de serem notados pelo poder político.
Numa terra em que há políticos que nem escrever sabem, não se pode exigir que a população seja esclarecida. É por isso que alguns partidos políticos, cientes do défice de cultura dos madeirenses, optaram pelas mensagens apelativas básicas e desonestas como a do “Povo Superior” e a “Madeira é dos madeirenses”.
Infelizmente, uma grande maioria dos madeirenses ainda não percebeu que a Madeira não é deles, mas sim de um pequeno grupo de alarves que dominam a economia, deixando as migalhas para que os que votam sobrevivam.
É por tudo isto que a maioria da população ainda acredita que as suas reformas são pagas pelo Governo Regional, que os malvados comunistas comem criancinhas e que o ordenado mínimo é melhor do que nada! Quem é que hoje consegue comprar uma casa ou pagar uma renda com o ordenado mínimo? Poupando? Quem é que hoje come carne uma vez por semana? Para uma grande maioria dos madeirenses, o que interessa mesmo é que o ordenado e os apoios sociais cheguem para tomar uns copos e esperar pelo mês seguinte.
O triste é que do outro lado da barreira está o poder que goza com tudo isto, porque sabe que um povo inculto e sem ambição é um povo submisso.
Com tudo isto, não é preciso ser muito inteligente para perceber porque é que nos países ricos e cultos existe alternativa democrática.
Para concluir, estou convicto que este texto não vai ter nem leitores nem comentários.
Obrigado pela atenção.
Nota do CM: Terá um comentário nosso. Primeiro, agradecidos por escrever. Caro autor, o CM não tem estratégia, é uma plataforma inócua que recebe e publica textos no formato de identificação que o autor desejar, não controlamos isso, "o que vem à rede é peixe". O que sim notamos, é que o formato concede uma rara oportunidade à crítica e ao contraditório no seio de uma Opinião Pública com medo. O objetivo do CM é libertar. Sobre o elitismo, todos os que enviam textos sabem (após a publicação) que ajudamos muito para que cada um seja atraente e sintam o nosso carinho a zelar pela Opinião Pública. Disponibilizamo-nos a ajudar (correções, onde até nós muitas vezes falhamos, não apanhamos todas à conta dos telemóveis; pomos imagens muitas vezes, menos vezes títulos, porque escrevem o corpo do texto e esquecem-se desse pormenor; links, embutir vídeos pertinentes, descobrir as fontes e fundamentar, etc). Não somos elitistas. É a imagem da realidade. Até nós percebemos que um texto mais "vernacular" acaba tendo mais sucesso, mas não desejamos esse caminho nem incentivamos. Acreditamos que temos uma responsabilidade pedagógica no formato da crítica, no entanto, "o que vem à rede é peixe". Pensamos que nem estamos mal, porque se só chegasse vernacular o CM não teria crédito. É o que temos. Queremos a participação de todos, letrados, iletrados, anónimos, jornalistas, todo o espectro político, etc, venham que nós resolvemos. O que lhe damos a certeza é que é tudo fiel à realidade. Se há pouca apetência para a leitura, escrever então torna-se uma forma de elitismo, temos tido muita sorte e sucesso na participação. Valeu a pena. Esse texto do dedo, por exemplo, entrou já no top 10 da semana, sem uma imagem" elitista". Uma pessoa comum não sonha a difusão que tem ... O CM apesar de escape para toda a crítica, a plataforma não tem fins políticos e basta perceber como todos os partidos se melindram. Não haveria credibilidade puxando para baixo, a população tem que se elevar para discernir, o próprio autor deu a chave. Se não quiserem, apesar das sucessivas gerações mais formadas, então o problema é outro. Dependência.
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