As dores de cotovelo de Miguel Sousa


M iguel de Sousa, em menos de um mês, publicou no DN-Madeira dois artigos, com críticas ferozes e maldosas contra José Manuel Rodrigues, o presidente da Assembleia Legislativa da Madeira. O primeiro, a que me refiro, foi a 7 de junho, com o título “Rodrigues pode ser presidente?” e o segundo, “O sapo que queria ser boi”, na passada quarta-feira, 5 de julho.

A matéria destes dois escritos ultrapassa o domínio da política. Ambos revelam ódio de Sousa a Rodrigues e envolvem, pelo meio, ofensas à pessoa do presidente da Assembleia. O leitor comum fica a pensar que Miguel Sousa está ressabiado, por não ter sido presidente daquele órgão legislativo da RAM.

O ar e as intervenções soberbas de Sousa parecem revelar uma certa inveja do percurso político de José Manuel Rodrigues.

Apesar de eu também reconhecer que Rodrigues é um político arteiro, nada justifica a ira de Sousa. A não ser a inveja e o melindre por ambicionar aquele cargo, sem sucesso.

Mas há outro problema. Miguel Sousa é um homem da “Madeira Velha”, dos senhorios, comerciantes e de uma pequena burguesia insular, com pouco capital e muitos privilégios numa sociedade culturalmente atrasada e politicamente amarrada. Ainda que professe, teoricamente, a social-democracia, ele um homem conotado com a direita, que nunca tolerou a ascensão social dos filhos da gente humilde. Foi Jardim que criou essa dicotomia da “Madeira Velha” e da “Madeira Nova”. Contudo, muitos PPD’s sempre se identificaram com a dita “Madeira Velha”, e alguns até nunca perdoaram a Jardim a extinção da colonia.

Outro ponto a merecer reflexão dos ditos artigos de Miguel Sousa é a sua satisfação pelo tempo em que o presidente da Assembleia era uma figura apagada e manobrada pelo líder parlamentar laranja, um desbocado, conhecido por insultar os deputados das demais bancadas e que enriqueceu depressa (por altura do 25 de abril vendia sifões e sanitas, como bem disse o general Azeredo).  Pois então essa posição subalterna e de subserviência é que era, para Miguel Sousa, o modelo “excelente” de presidência da Assembleia, órgão máximo da autonomia regional, que Alberto João chamou de "casa dos loucos"! Miguel Sousa tem saudades do PPD de Ramos e Jardim, apesar de, noutras ocasiões, ter escrito e proferido contundentes críticas contra o jardinismo, afirmações que o Ministério Público (MP) deveria ter investigado, caso houvesse um MP na Madeira que se interessasse pela corrupção política, como a denunciada em tempos por Miguel Sousa.

O ponto de partida do último artigo de Sousa foi o facto de Rodrigues não ter falado em Miguel Albuquerque no discurso da cerimónia solene do Dia da Região. Mas por que razão haveria de bajular um presidente que só quis o CDS para a elite PSD continuar no poder e ninguém vir a conhecer o que desde 1976 se tem passado nesta Região. Rodrigues não é um subserviente, como Rui Barreto, o coveiro do CDS.

Essa irritação de Sousa por Rodrigues não falar de Albuquerque gerou aquele vómito do “O sapo que queria ser boi”. Até parece que Miguel Sousa nutre por Albuquerque extraordinária admiração e sempre lhe tem manifestado lealdade! É ler escritos seus, publicados anteriormente no DN-Madeira, para verificarmos que isso não acontece.

Não sendo eu defensora de José Manuel Rodrigues nem tão pouco sua amiga, todavia deixo-lhe aqui uma palavra de solidariedade, face à escrita furiosa (porventura, insultuosa) de Miguel Sousa, e agradeço ao ‘Correio da Madeira’ a publicação deste simples artigo, pois é o único sítio onde na Madeira se pode ter opinião e, no caso, comentar uma opinião, por de mais tendenciosa.

Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 8 de Julho de 2023
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