E começou o futebol, como é do conhecimento público, a Madeira deixou de competir na I Liga Portuguesa já que, na época passada, o Club Sport Marítimo foi relegado para a II Liga. A situação do CSM gerou uma onda de dor e angústia a todos os Madeirenses, sim todos, aos Maritimistas de gema, aos Maritimistas de clara, aos Madeirenses Benfiquistas, Sportinguistas e Portistas que não vão poder ver os clubes do continente ao vivo e usar as suas camisolas caríssimas, pelo menos uma vez esta época.
Os adeptos do Nacional ficaram chateados porque andavam quietos e calados, agora vão ter de levar com dois dérbis em cima e voltar a medir forças com a malta do calhau. Os jornalistas, em especial os da radio, agora vão dizer e escrever as habituais asneiras, mas num nível inferior, e os empresários vão ter que vender o seu produto noutras paragens.
Nem de propósito, o oráculo futebolístico destinou que se jogasse o Dérbi logo na primeira jornada, uma golpada do destino que evita que os clubes regionais se matem nas últimas jornadas, ou, quem sabe, se favoreçam.
Ainda há quem ache que aqueles sorteios são isentos.
O jogo foi dia 12 sob 34 graus e 500% de humidade. Apregoado pelos da casa como sendo de lotação esgotada a romaria da bola foi à serra, com uma breve passagem pelas novenas mesmo ao lado, uma vénia a nossa senhora e apeados pelo caminho dos pretos os cânticos de ambos clubes ecoaram na serra, mas bastou o apito inicial para se perceber que de lotado o estádio não tinha nada.
Jogo por jogo, foi o Jota que marcou o primeiro golo da II Liga e acordou o fantasma da desgraça dos Maritimistas, depois de umas trapalhadas do Nacional, entrou em campo a velha máxima “quem não marca sofre” e assim foi, o jogo terminou 1-3. Em golos foi 1-2, mas em apoio foi 1-3 porque de facto isto há coisas que não se entende, uma equipa que desce de divisão, que fez uma época vergonhosa e consegue mobilizar os adeptos da forma como este Marítimo fez é para ser estudado pela antropologia, ou isso ou é o “Síndrome de Estocolmo” coletivo.
À boca pequena, há quem diga que é amor ao clube.
O Nacional ficou-se pela indignação com a arbitragem, que acusa de ter sido parcial e favorável ao Marítimo, é uma boa estratégia porque de facto os adeptos ficam com essa versão e para a próxima jornada lá estarão para apoiar novamente, esquecem as asneiradas dos jogadores que foram expulsos.
Muitos foram os Maritimistas que estiveram na Choupana, alguns já com aquela postura de campanha a cumprimentar pessoas que não conhecem, davam opiniões para as televisões de II linha. Há que estranhar a ausência de grandes figuras da proa Maritimista, falo de “Carlos Pereira & Filho & Henriques Lda.” e o seu séquito habitual, se calhar só são do CSM se for da I Liga e agora não querem nada com aquilo.
Entre vistas, também me falhou encontrar Pedro Coelho, mas disseram logo que ele estava de bandeira na mão a vender sandes de espada na festa do PSD no Porto Santo. Ainda assim podia ter ido ao Girassol, diz-se que tinha mais gente a festejar o Marítimo do que a assistir os discursos do PSD.
Miguel Gouveia, outro candidato à direção Maritimista esteve ausente do Estádio do Nacional, também esteve ausente da festa do PSD no Porto Santo, se calhar está de férias, mas mandou algumas das suas andorinhas partidárias, pelo menos um deles apareceu nas fotos do jogo.
A presença mais notada foi sem dúvida a do Presidente Rui Fontes, sempre rodeado dos seus fiéis dirigentes, parecia a corte do Rei D. Carlos no meio do povo, com ar algo apreensivo e nervoso longe do seu palácio, mas no meio da populaça sempre com o olho num possível regicídio, aprendam políticos desta terra, é assim que se mobiliza o povo, para o bem ou para o mal nunca se viu uma onda de Maritimistas como agora, até uns que eram de outros clubes agora são do Marítimo, mas também só são até dia 24 de setembro.
Em contraste, Rui Alves só foi visto ao longe e durante o jogo, sentado na tribuna sozinho e abandonado pelos seus, o que aquela tribuna é e o que já foi. Recordo-me de estar sentado à chuva ao longe e a ver a distante festa rija na tribuna, presidente, 5 vice presidentes, diretores, patrocinadores, políticos, empresários, doutores, engenheiros, advogados e até tinham meninas para os acompanhar às cadeiras, imagine-se. O que vale é que ao menos tinham ar condicionado e nem deram pelo calor que estava nas bancadas.
Contas feitas, no Marítimo já ninguém se lembra que não houve jogo de apresentação do plantel, que é necessário reforçar a defesa, que o TAD deu sopa às pretensões de se manter na I Liga e que desceram de divisão.
No Nacional, foram-se todos embora, indignados com o árbitro, se já eram poucos menos ficaram e aquela direção clama por uma renovação imediata, mas ainda assim, o CDN tem um bom treinador e um plantel para fazer uma segunda liga tranquila e, quem sabe, melhor do que o Marítimo.
Será que podemos voltar a sonhar com a I Liga? Fica nos pés de ambos os plantéis, bom era subirem ambos, mas já se sabe que em Lisboa não vão deixar.
Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 14 de Agosto de 2023
Todos os elementos enviados pelo autor.
Adere ao nosso grupo do Facebook: Ocorrências CM
Segue o site do Correio da Madeira
0 Comentários
Agradecemos a sua participação. Volte sempre.