B oa tarde, tentarei ser o mais justo possível mas não deixarei de fazer uma crítica latente há muito tempo e que ninguém tem coragem de dizer. Eu sei que a Madeira tem microclimas, eu sei que os modelos de previsão meteorológica estão a ficar caducos com as alterações climáticas, mas também sei que precisamos de outro serviço em tempo real e não a trechos. Eu também conto com a minha experiência para falar! Vou me explicar.
Temos assistido na Madeira a falhas frequentes na Previsão Meteorológica, ao ponto de prever chuva e dar sol, de um grande alvoroço de mau tempo e sai uma coisita miserável. No entanto, estamos na era dos satélites meteorológicos, dos radares meteorológicos, das estações remotas, da rede de estações privadas em site, mas também de uns serviços mais certeiros do que outros, eu confio em franceses, checos e americanos, até ver. Naturalmente que eles não se limitam a derramar dados nos modelos e a informar o resultado, eles aperfeiçoam-se.
A Madeira tem um turismo massificado, e o acertar ou não na Previsão Meteorológica significa ter na serra centenas, senão milhares, de estrangeiros, em fila indiana, por trilhos e levadas. De repente, se abater um temporal não previsto, ainda se repete o caso que remonta ao dia 5 de Outubro de 1997 quando, numa prova de seleção num curso de guardas florestais, pereceram três candidatos dos 67 jovens, porque se perderam e ficaram abandonados perante uma forte tempestade quando estavam mal preparados e os responsáveis não atenderam às previsões meteorológicas (que acertaram). Morreram nas serras do Pico do Areeiro, das mais visitadas por turistas. Lembro que outros 21 jovens, cujas idades oscilavam entre os 18 e os 25 anos, foram encontrados após intensas buscas e assistidos no Hospital Central do Funchal, alguns com lesões graves.
Imagine a cena a se repetir com centenas ou milhares de estrangeiros, que pela primeira vez encaram a Madeira e estão a mercê de uma falha grave de previsão meteorológica. Se calhar o resultado seria o mesmo de 1997 onde Rocha da Silva não se demitiu.
É preciso ter coragem de mudar, com a quantidade de equipamento que se solicita e vão sendo fornecidos, se a coisa piora em vez de melhorar, apesar das condicionantes ... ou é do malho ou é do malhadeiro!
Muitas vezes são os guias de montanha que olham para o céu e empiricamente decidem se arriscam ou não, sobretudo em estações que hesitam mais, outono, inverno e primavera. A seu cargo ficam muitas pessoas e se correr mal será o culpado. Pouca gente vai querer saber o que se passou a montante e a pressão que é ter clientes com tempo limitado, que pagaram para ver, num contexto de perigo onde é preciso ter coragem de se dizer que não.
O foco é este, precisamos de previsões meteorológicas mais certeiras, se é estudando, alterando ou mudando de modelos ou até trocando pessoas já pouco importa, isto comparando com o que temos do outro lado, vidas humanas num turismo massificado. Podemos ser notícia mundial com falta de coragem, agora fica pelo menos o meu testemunho do que se diz entre dentes. É preciso mudar algo! Estamos em marasmo a ser ultrapassados pelo tempo. A Previsão Meteorológica desacreditada é o melhor aliado para potenciar um desastre por intempérie.
É importante ter o CM para se dizer as coisas como são!
Enviado por Denúncia Anónima
Sexta-feira, 27 de Outubro de 2023
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