As PANcadas de Molière e os partidos sem ideologia.


Cartaz de uma peça de teatro: link

H á dois partidos sem ideologia no Parlamento da Madeira, estive a pensar nisto porque sob a mesma matriz são bem diferentes, o que demonstra que são as pessoas que fazem os partidos. São eles o JPP e o PAN. Um breve parêntesis sobre serem as pessoas e não a ideologia a fazer a imagem dos partidos. O Governo da República caiu com estrondo e, sem sabermos se o Ministério Público falhou ou se há corruptos, a queda do PS não se dá com a intensidade com que se esperaria e é o PSD que está em maus lençóis, com o Chega a começar a acreditar que vai canibalizar o PSD. O PSD, um partido de poder e de regime, com a aflição do PS, não consegue superar? Se é moderado e partido de poder, o que falha? Se calhar o seu líder, com Ventura a vaticinar que a seguir vem Pedro Passos Coelho. O PSD deseja mal a si mesmo.

Prosseguindo. Se os partidos não têm ideologia então têm causas, e logo por aí, na mesma matriz, o JPP enfrenta o poder e o PAN acasala. No meu ver, estes partidos sem ideologia têm vantagens e desvantagens, o mais ou menos dos partidos depende das pessoas. Um partido sem ideologia agarra-se à flexibilidade e ao pragmatismo. É interessante perceber como o JPP e PAN interpretaram isto na sua relação com o poder. Ao evitar uma ideologia específica, os partidos deveriam atrair um espectro maior de eleitores, porque neles cabem opiniões variadas em diferentes questões. O JPP foi pela via do enfrentamento do poder e o PAN construiu um acordo com o poder. Por norma, estes partidos de causas não são extremistas, porque despidos de posições ideológicas fortes, aquelas que algumas vezes levam ao fanatismo político. É curioso que deveria contribuir para um ambiente político moderado e centrado, no entanto, apesar de o serem, quando o JPP fiscaliza levanta azias e o PAN viabilizando poder está em boas graças. Sem ideologia, as questões resolvem-se de forma prática, sem privatizações ou regionalizações, mais no andando e decidindo, bem melhor do que o IL, que privatizava tudo para entregar mais aos mesmos protegidos DTT monopolistas. Ou seja, o IL privatizaria para, em vez de Liberalismo, termos mais "ditadura" dos mesmos. Estão a ver como não se pode ser ideologicamente casmurro?

Mas os partidos de causas também têm desvantagens e, de novo, vai das pessoas. Os partidos sem uma ideologia podem ser acusados de falta de coerência nas suas posições e políticas, tornando difícil os eleitores entenderem o que o partido representa. Voltando ao JPP e ao PAN, é mais um assunto da noite para o dia. Todos sabemos que o JPP se tornou um partido fiscalizador, encontrou o filão num Parlamento anémico. O PAN pegou nas suas causas, traiu os seus eleitores e casou com o poder. As pessoas fazem os partidos, volto a dizer que JPP e PAN são dois partidos na mesma matriz, no entanto, com anos luz a separá-los.

Dizem que partidos sem ideologia têm dificuldade em mobilizar eleitores, porque as causas balançam consoante os argumentos, a ideologia não balança e tem uma visão unificadora para os militantes e simpatizantes. Também se pode dizer que, os partidos sem uma ideologia, podem ser mais suscetíveis a críticas por falta de princípios ou de "dizerem qualquer coisa para ganhar votos". o JPP e o PAN voltam a ter anos luz entre eles, mas sempre sobre a mesma matriz. Quando tens uma ideologia interpretas logo como resolver, a ausência dela pode dificultar a formulação consistente de políticas, especialmente em questões complexas ou controversas. Depende dos líderes e da sua oratória, a capacidade de argumentar e convencer. O JPP aguenta-se, o PAN desbaratou.

O sucesso ou fracasso desses partidos sem ideologia, muitas vezes dependem da capacidade de construir uma identidade política coesa e atraente para os eleitores. O JPP já conseguiu, o PAN estatelou-se. Quem trai os votos que recebe não tem ideologia para apelar à união.

Este é um exemplo do porquê que devemos votar cada vez mais em pessoas, em que confiamos, e não em partidos ou ideologias. Com estes fundamentos entro nas PANcadas de Molière ao JPP, porque tal como o público francês do Século VXII, que era tagarela e mal educado, vemos os debates no Parlamento e na RTP-M pela mesma "ordem". O JPP tem o dom de fazer calar para ouvir "o que vem aí desta vez", isso é respeito. O anúncio do tempo do JPP são como as 3 PANcadas de Molière, se o PAN não se põe a pau, o JPP leva as suas causas, porque o PAN está amordaçado e até visita com o poder o Curral das Freiras para aprender a narrativa.

O nosso Parlamento muitas vezes precisa da série de três PANcadas curtas, seguidas de três PANcadas longas, de preferência com um bordão, a fim de alertar a "plateia" (dos deputados) para o início dos trabalhos parlamentares, depois do tradicional espetáculo. O JPP põe em sentido mais do que o Presidente da Assembleia, que não se dá ao respeito nem faz respeitar o Parlamento. Estou a pensar no indivíduo do PSD que parece estar na Casa da Sogra.

E é isto, um bom dia a todos.

Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 22 de Novembro de 2023
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