A recente derrota eleitoral do Partido Socialista (PS) na Madeira deixa um sabor amargo, uma lembrança nítida da lealdade inabalável do arquipélago ao PPD/PSD. Esta lealdade cega transcende a mera preferência política; expõe uma apatia assustadora em relação aos próprios fundamentos de uma sociedade próspera.
Comparar a ideologia socialista ao mero adepto do futebol é um insulto grotesco. O socialismo é uma filosofia, um compromisso com a justiça social e a igualdade, e não uma camisola a ser descartada com base no último placar. Os cidadãos da Madeira, ao que parece, contentaram-se com o conforto do familiar, renunciando a qualquer exame crítico do status quo.
Os apelos à demissão do professor Paulo Cafôfo são apenas um sintoma de um mal-estar mais profundo. A culpa não é só dele; pesa sobre os ombros de cada madeirense que caminhou sonâmbulo até às urnas. Reivindicar o manto da democracia e ao mesmo tempo recompensar consistentemente o PPD/PSD é um paradoxo tão irritante quanto trágico.
Aqueles que anseiam pelo poder dentro do PS devem perguntar-se: serão movidos por uma preocupação genuína com o bem-estar da ilha ou pelo fascínio da arena política? O verdadeiro vencedor desta eleição não é o PPD/PSD, mas a indiferença. O povo madeirense, ao que parece, foi levado a um sentimento de aceitação, contente com a mediocridade.
A ascensão do Chega (CH) de extrema-direita é um canário na mina de carvão. É um aviso severo, ignorado por nossa conta e risco. Isto não é apenas um revés político; é uma falha social da mais grave ordem.
Talvez a democracia, na sua actual iteração, tenha efectivamente falhado connosco. Somos deixados a lutar com os fantasmas do Estado Novo, uma lembrança arrepiante da fragilidade da liberdade. O caminho a seguir é árduo. Devemos embarcar numa cruzada de reeducação, numa busca incansável pela consciência cívica.
O povo madeirense deve ser despertado do seu sono, obrigado a enfrentar o verdadeiro custo da sua apatia política. A ilha não pode dar-se ao luxo de ser um museu de ideologias ultrapassadas, agarrada a um passado que não oferece respostas para o futuro. Este é um apelo às armas, um apelo a uma Madeira que abrace o progresso, que valorize a justiça social e que esteja vigilante contra o avanço insidioso do extremismo. A alternativa é um futuro tão sombrio e implacável como o mar implacável que rodeia esta bela ilha.
Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 11 de março de 2024
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