E screvi você, mas sou muito madeirense. Tão madeirense como o vernáculo que me brota dos entremeios por entre "estepilhas" e "filhas da puxa". Sou tão madeirense como a espuma do mar, como as cagarras ou, infelizmente, o sargaço que nos assola a costa. Sou tão madeirense como a urze, o loureiro, o inhame roxo ou o massaroco da serra.
Sou tão madeirense como gerações oprimidas, reprimidas por regimes de lá e de cá, que conseguiram singrar na vida tanto lá como cá, e de outras gerações que agora nem conseguem dar entrada para uma casa, que moram em casa dos pais até para lá dos 30s. Tão madeirense como os putos que bebem gasosa, que têm sempre o último telemóvel da maçã e que são "os maiores da aldeia" por tê-lo.
Sou tão madeirense como esta sociedade PODRE.
Gente mesquinha, hipócrita, gente sem um pingo de sobriedade, que olha para o seu umbigo como quem vê as grutas de S. Vicente. Que não dão um arroto para o bem-estar da Região, nem se importam com o Bem Maior. São aquele tipo de pessoas que diz "Olha, para mim vai dar". Vergonha...
Nasci nos oitentas, sou millennial. Aprendi a ler e a escrever, risquei com canetas laranja e muitas biscas joguei com cartas do PPD. Fui à inauguração comer rissóis e espetada à fartazana. Já fui ao Porto Santo e vi o AJJ em calções a passear na praia.
Sou este tipo de madeirense: genuíno, hipócrita, mesquinho, egoísta, trapaceiro.
Votei PSD, PS, e mais recentemente JPP. Também já votei CDS. Voto em pessoas, tá bem?!
Sinto que este lugar começa a não ter lugar para os meus sonhos. Os lugares estão gastos e caros. Os empregos estão gastos, e mal pagos. A liberdade de circulação está gasta, congestionada e cada vez mais cara. Não tenho outro teto para onde ir sem largar uma boa fatia do meu ordenado que serve para pagar casa, telefone e outros.
Estou cansado, farto. Quero poder sonhar, mas praticamente nenhum político, nenhum partido me convence a seguir o caminho. E escusam de me vir dar papelinhos, canetas e o raio que vos parta. Sou millennial, não sou infoexcluído. Sei ler redes sociais e já li os programas online dos principais partidos. Tantas ou mais palavras como no dicionário... leva-as o vento...
Pois bem, se já me tiraram a liberdade de circulação, a possibilidade de sonhar com uma vida melhor, peço encarecidamente ao CM, não nos tirem a liberdade de expressão. Porque se nos identificamos somos escorraçados na praça pública. Porque se nos mostramos, e isto é uma terra pequena, já somos "isto e aquilo" e já ninguém nos convida para a jantarada ou para aquela noite de copos porque "ah e tal, o Marco é um revolucionário".
Não meto todos os partidos no mesmo saco. Há gente com tomates no sítio, perdoem-me a expressão, mas não estamos em tempo de palavras meigas. Há políticos com bons princípios e ideias interessantes. Gostava de apontar alguns, mas esse não é o propósito deste texto.
CM, não nos tirem a liberdade de expressão. Fechar durante a campanha é ceder às pressões do sistema, é calar a voz do povo e mesmo que também recebam textos de quem não merece publicar, o vosso papel, o vosso trabalho, o vosso discernimento é importante demais para fecharem. Passem por cima dessas pessoas.
CM, num mundo de tanta escuridão, vocês são a nossa luz. Não deixem as trevas vencer. A Madeira e o Porto Santo serão vencedores, com a vossa ajuda.
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