T odos os anos de forma continuada, os tradicionais arraiais dos diferentes concelhos, transformaram-se em Rock in Rio (pelo preço envolvido, não pela qualidade musical). Projetos e artistas do Continente, caem cá de para-quedas para atuar em junho, julho e agosto.
Nas guerras do entretenimento e da festa, travadas entre os diferentes presidentes de câmara, o querer fazer melhor do que o concelho vizinho é: abrir os cordões do orçamento municipal e jogar dinheiro para cima do Cachet solicitado.
Numa ‘’organização conjunta’’ com as empresas de som e luz que, por ‘’acaso’’ têm os telefones e contactos personalizados, de artistas, promotores de grupos e empresários de espetáculo do Continente, marca-se tudo a partir de janeiro, salvaguardando o interesse do Sr. Presidente da autarquia. Isto custa muito dinheiro!!!
Os cachets pedidos para atuar na Madeira são escaldantes. Os artistas e ‘’managers’’ dos mesmos fazem-se difíceis «E pá, Madeira ou Porto Santo, logo nesta altura de Verão, com tantas atuações por cá…». No fundo, todos querem fazer uns dias de férias, a custo zero, na nossa Ilha.
O que está incluído nos contratos passa sumariamente por: passagem aérea na TAP, (não viajam em Low Cost). O horário da viagem também é escolhido (entre as 10H da manhã e as 17H da tarde, horário nobre). O Alojamento é em hotel de 4 estrelas, com refeições. Ainda transfer do aeroporto para o hotel, do hotel para a atuação e vice-versa até irem embora. O cachet, o pagamento da atuação, terá de ser feito em duas partes: 50% antes de saírem do Continente (senão, não embarcam) e os outros 50% antes de subirem ao palco.
Os conjuntos, grupos, artistas madeirenses com provas dadas não têm trabalho regular nestes eventos. Poucos são convidados. Quando convidados, o processo é todo de ‘’Boca’’, quanto às condições, deixando para depois da atuação (15 dias ou mais, às vezes meses), para acertarem as contas com a Câmara. A situação começou em 2016 e aos poucos, tornou-se num fator geral de insustentabilidade da Música e dos Músicos, enquanto atividade desenvolvida na Madeira.
Reparem nos arraiais de proximidade camarária: Porto Moniz (‘’Arroz de Lapas’’) na sua guerra autárquica contra São Vicente (‘’Juntos pelo Poleiro’’) ou Ponta do Sol (‘’Pessegueira’’) versus (‘’Laranja cambaleante’’) da Ribeira Brava; e ainda, Santa Cruz (‘’Gauleses’’) em confronto com os (‘’Francos’’) de Machico. Santana escapa. No Porto Santo é uma festa para toda aquela ilha, cheia de turistas, muito bem! Um momento alto! Calheta, por mais festas que façam, pode haver um azar da falésia. Câmara de Lobos sabe fazer festas e tem convidado desde sempre, artistas da Madeira.
Em relação aos artistas nacionais, no espaço do continente, é bom dizer o seguinte: Os grupos vão ter às cidades e vilas com o seu próprio transporte. Depois da atuação voltam à estrada, de madrugada, e regressam à sua casa. Não precisam de alojamento. O cachet foi pago. Acabou-se ali a prestação de serviços musicais. Económico para quem promove a festa. Trabalho pago e recebido pelos artistas. Em resumo um fator de Sustentabilidade!
Voltando à Madeira e às festas: cada arraial tem de ser de arromba e parece que o mundo vai acabar. Os artistas locais e os músicos, são apanhados no meio deste negócio das festas: inflacionado, despesista e insustentável para todas as partes. Acrescido de monopólios e outras guerras (corais, vespas, bar do teatro), tudo à volta do erário público. O povo assiste e como não paga na hora, pensa que a conta não lhe vai chegar mais tarde.
As Câmaras não têm dinheiro para cumprir a sua missão autárquica? Não faz mal. O presidente em funções agradece, e vai-se candidatar outra vez! Ah, e na campanha, vai precisar de músicos e artistas nacionais, fica já o aviso!
Um abraço aos artistas da Madeira
Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 8 de julho de 2024
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