1. No sábado, o secretário responsável pela Protecção Civil, com o ar maldisposto e arrogante que sempre tem (e ontem ainda mais porque teve de interromper as férias no Porto Santo), disse tudo e o seu contrário. Começou por afirmar que não era preciso ninguém de fora, que a mobilização de forças locais era só de 10% e portanto ainda havia muitos reforços aqui; duas horas depois afinal já era útil virem reforços (não só do Continente mas também dos Açores). E até era mesmo preciso – é que o tempo tinha ‘mudado’!
Quem é que estes trafulhas querem enganar? Não há um serviço meteorológico aqui? Não há sites de previsão do tempo disponíveis em toda a net? Não há alerta laranja – temperatura e vento - em toda a Região? Não estamos na pior situação que são os 3 trintas: vento superior a 30km, humidade abaixo dos 30%, temperatura acima dos 30 graus? Querem enganar quem?
Tudo para não dar o braço a torcer, um incompetente a quem deram poder.
2. Mais tarde, com ar ainda mais maldisposto e enjoado, Albuquerque mal pousa os pés na Pontinha – interrompeu as férias umas horas depois do secretário e veio no Lobo Marinho desde o Porto Santo – dispara várias barbaridades. Uma em particular chamou-me a atenção: não tem o ‘dom da ubiquidade’. Albuquerque é arrogante e cobarde – fala de ‘alto´ mas é incapaz de olhar uma pessoa directamente nos olhos (os olhos são o nosso grande espelho e olhar para dentro dos dele é muito esclarecedor), e acima de tudo mostra uma falta de sensibilidade pelo sofrimento de tanta gente envolvida nestes incêndios. Não quer saber!
Não tem, como ninguém tem, o dom da ubiquidade, mas (como sempre faz) preferiu ficar a divertir-se de férias na praia enquanto a ilha vizinha ardia. Fez a escolha que o seu carácter impôs.
3. No domingo, leio que o presidente da Proteção Civil Regional se referiu aos reforços que vieram esta madrugada afirmando que estão a fazer linhas corta-fogo pelo que são “uma mais-valia porque eles dominam outras áreas que normalmente não dominamos tanto porque não se aplica aqui na Região e são mais pessoas, é mais mão-de-obra e braços para trabalhar e estão a apoiar os bombeiros a fazer trabalho sapador”.
O quê? Isto quer dizer que afinal eram mesmo precisos? Que no fundo nem sequer há, cá, quadros preparados para dirigir a abertura de linhas corta-fogo? Eles dominam áreas que não dominamos!? – isto significa que não há formação séria e dura no combate a fogos florestais, aqui, nesta ilha de montanhas e vales carregadas de eucaliptos, canas e mato?
Nada disto tem, evidentemente, a ver com os bombeiros; tem sim com os responsáveis, com quem forma, com quem dirige, com quem comanda! E tudo isto dá razão às contundentes críticas de Jorge Silva, vice-presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Protecção Civil (ASPROCIVIL), em entrevista, ontem, à Sic Notícias.
A situação é séria e grave, não é só mais um incêndio, um azar, uma chatice. Tem de ter consequências e por isso acrescento que já não aguento ouvir que ‘o tempo agora não é de políticas’ quando os primeiro a ter uma actuação absolutamente política são os responsáveis governamentais. São eles que sabem tudo, que falam de cima, que não precisam de ninguém, são os melhores, os que nunca erram. E quando dá para o torto, disfarçam, querem passar de fininho entre os pingos da chuva e acusam os outros – os que chamam a atenção, que se afligem com as consequências dos erros, que se revoltam com as faltas de respeito e cuidado – de fazer política!
Ficar a ver o fogo porque não parece ser perigoso não é uma opção técnica.
Recusar oferta de meios não é uma questão operacional.
Continuar de férias enquanto o território arde é, definitivamente, uma atitude política!
Clara Sofia
Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 18 de Agosto de 2024
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