Porque é que um pedaço de papel decide o seu futuro?
D izem que a Madeira é o paraíso, um lugar onde as montanhas soalheiras se encontram com o mar cor de safira. Mas para aqueles de nós que não têm um doutoramento na colheita de cocos, parece mais uma gaiola dourada. Tenho procurado emprego aqui durante o que parece uma eternidade, apenas para ser repetidamente rejeitado por não ter aquele esquivo diploma do 12º ano. É como se estivessem a pedir um chifre de unicórnio e um pote de ouro. Tenho as competências, a motivação e a paixão, mas, aparentemente, isso não é suficiente.
Esta ilha está repleta de potencial, mas parece um clube fechado. É desanimador dedicar o coração e a alma ao treino, para depois se deparar com portas batidas por causa da falta de um pedaço de papel. Os meus sonhos parecem esmagados por um sistema que valoriza a papelada em detrimento das pessoas. É como se estivessem a cultivar doutoramentos em árvores aqui! É preciso um doutoramento só para trocar uma lâmpada. Talvez devessem iniciar um reality show chamado 'Madeira's Got Talent...and a Degree’.
Existe uma clara desconexão entre a abordagem prática do continente à contratação e a obsessão da Madeira pelas credenciais académicas. É como se estivessem mais interessados em preservar uma época passada do que em promover a inovação e o crescimento. O mercado de trabalho da Madeira é um microcosmo de uma questão social mais vasta: uma estrutura de classe rígida que mantém as pessoas presas. A ênfase excessiva na educação formal é um sintoma de um problema mais profundo.
É um caso clássico de desigualdade regional. Aqueles com acesso ao ensino superior são privilegiados, enquanto o resto de nós fica para trás. Este sistema ultrapassado não só limita as oportunidades individuais, como também sufoca o potencial económico da ilha. A insistência da Madeira nas qualificações formais sugere um elitismo que é simultaneamente injusto e míope.
O fracasso do governo em colmatar a lacuna de competências contribui directamente para a fuga de cérebros. Embora o continente prospere com um mercado de trabalho dinâmico, estamos presos a regulamentações ultrapassadas que beneficiam uns poucos privilegiados. É tempo de acabar com este elitismo e burocracia. As nossas competências e experiências devem ser valorizadas e não descartadas.
Alguns poderão dizer que é uma conspiração para reprimir a classe trabalhadora. Mas é mais provável que seja um caso de pensamento ultrapassado. Exigimos o fim das práticas discriminatórias na contratação! É tempo de criar na Madeira um mercado de trabalho mais equitativo e inclusivo. O gabinete político precisa de acordar e perceber que um pedaço de papel não define o valor de uma pessoa. Precisamos de uma Madeira onde todos tenham hipóteses de sucesso, independentemente da sua formação académica.
Está na hora de a Madeira abraçar o seu potencial e construir um futuro onde o talento, e não a papelada, é a chave do sucesso.
Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 13 de Agosto de 2024
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