Laranja, da cor do Incêndio.


A rderam 5.100 hectares, em 12 dias. Sendo 1 hectare equivalente a cerca de 10.000 m2, conseguimos realmente imaginar o total de área ardida? Proponho o seguinte exercício: pensemos numa habitação típica que deverá rondar uma área aproximada de 100m2 (utilizemos números redondos para facilitar as contas!), e portanto, 1 hectare pode equiparar-se à área conjunta de 100 habitações. Matemática simples. Assim, digamos que este incêndio desbravado consumiu uma área equiparável a cerca de 510.000 habitações, em 12 dias. Sinceramente, não me parece um resultado absolutamente irrisório…

Independentemente do alarmismo que possa emergir a partir destes números, o que importou foi realçar que não existiram pessoas, habitações, ou infraestruturas afetadas. Das duas, uma: ou Albuquerque repete barbaridades para se convencer de que é possível existir desresponsabilização máxima; ou Albuquerque repete barbaridades com esperança de implantá-las nos nossos cérebros (como diz o ditado “água mole em pedra dura tanto bate que até fura”).

Na verdade, assistir às intervenções dos nossos Governantes durante estes 6 dias permitia a escrita de um guião para numa série de comédia que, com certeza, ocuparia o Top 1 da Netflix ao longo de algumas semanas. Recapitulemos: Quando o incêndio se inicia, Albuquerque está no Porto Santo e recusa o envio de ajuda por parte do Governo Central; Pedro Ramos interrompe as suas férias no Porto Santo e vem à Madeira afirmar, com um sorriso, que apenas 10% dos meios Regionais estão a ser empregues no combate ao incêndio; Algumas horas depois, foi solicitada a colaboração do Governo Central porque os 10% dos recursos empregues não conseguiram resolver o assunto; Albuquerque interrompe as férias no Porto Santo e vem à Madeira “dar uma olhada” no incêndio, resolver o trabalho de investigação sobre a origem do incêndio (fogo posto!), insultar pessoas (apelidando-as de ignorantes e de abutres), e proclamar o apoio insuficiente do Estado (quando foi ele que o prontamente negou uns dias atrás); Com a situação completamente descontrolada, Albuquerque retoma as suas férias no Porto Santo enquanto várias localidades madeirenses enfrentam o Inferno de Dante; Pedro Ramos, invejoso, volta também para o Porto Santo sobre os pretextos de “ter que encerrar a sua casa de férias” e de “não ser bombeiro”, e portanto, “não lhe será exigido estar no terreno”; A comunicação social anuncia o apoio de Canárias com os aviões Canadair, sendo esta notícia imediatamente desmentida por Albuquerque; Poucas horas depois, Albuquerque confirma publicamente o apoio de Canárias, que acaba por se revelar fundamental para a resolução do problema. 

Sejamos sinceros, se o embaraço ao assistir a este desenrolar de acontecimentos não fosse do tamanho da Via Láctea, a vontade de rir sobreponha-se facilmente.

Calma, a história não termina aqui. Após a extinção dos fogos, a PSP emite um comunicado reportando que este incêndio foi iniciado através de um foguete lançado na Serra d´Àgua. Prontamente, surge o Padre da respetiva paróquia onde decorreram as festividades, reiterando a total confiança nos seus festeiros. Toda a água do capote foi sacudida para que não se associasse esta tragédia ao lançamento de foguetes (“devidamente autorizados”) durante uma festividade marcada pela religião. Nas horas que se seguiram, a PSP identificou o responsável pelo lançamento “daquele” foguete, sublinhando que tal indivíduo não esteve envolvido na respetiva festividade. Não é curioso??

Mas… e a Tese Doutoral sobre o fogo posto escrita pelo Presidente do Governo Regional durante o voo de 20 min entre o Porto Santo e a Madeira?? Talvez tenha sido só mais um momento de propagação de desinformação, com aquela pitada generosa de arrogância que tanto o caracteriza e à qual estamos tão habituados, do género: “Demito-me se não tiver maioria absoluta porque é impossível governar de outra forma!!” - É engendrada uma PANelinha com uma deputada única no Parlamento.

Na sua globalidade, este texto pode parecer sair de um guião de ficção científica cujas personagens principais agem como Neandertais. Mas não é. Este é o sumo, absolutamente amargo, que se espreme de uma laranja com 50 anos de maturação numa Região que promove os salários baixos em prol do Turismo, e que vê o preço por m2 a ultrapassar os 3.000€.

Enfim… Espremer as últimas gotas desta laranja está nas nossas mãos, porque na verdade, merecemos mais e melhor.

Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 12 de Setembro de 2024
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