Pensar a mobilidade

 

E m algum tempo o Caminho Real era uma das principais vias de comunicação e mobilidade na região. Era por onde se ia à missa, ao médico, ao barbeiro, à venda, à escola. Era por onde passavam os cavalos, as carroças, as redes com os doentes.

Depois veio a estrada: muitas aproveitando os trilhos do caminho real, em calçada e mais tarde em asfalto, as estradas foram um salto qualitativo na nossa mobilidade. Já podíamos ir a uma consulta "à cidade", já podíamos dar a volta à ilha, eram as excursões, eram as compras, enfim...

Com o desenvolvimento da Madeira veio a Via Rápida. E esta solução provou ser uma aposta não só na mobilidade, como na fixação das gentes na sua terra natal, mesmo trabalhando fora da sua área de residência. Vieram os serviços de emergência rápidos e tudo ficou mais perto. Hoje quase toda a ilha está coberta pelas vias rápidas, chamem-se VR ou VE.

Ora, por termos esta rapidez na locomoção e um maior espaço viário, toda a sociedade transformou-se e assim, se antigamente gastava-se um dia inteiro para ir "à cidade" ou passava-se horas dentro de um autocarro a caminho do nosso destino, hoje em dia em poucos minutos passamos do sul ao norte e do este ao oeste.

O desenvolvimento turístico trouxe mais movimento: autocarros, minibus, carros de aluguer. Mas se antigamente uma família andava de autocarro, hoje em dia é frequente encontrar uma família com cada um com o seu carro. Basta observar no movimento diário, nas filas automóveis nas horas de ponta, quantos passageiros estão dentro de cada carro. É cómodo, é prático, é... nada sustentável!

Quando se apela à utilização dos transportes públicos, "Bruno Pereira apela à adopção do uso do transporte público nas deslocações para a escola (link)", deve-se criar um plano para resolver os problemas atuais, nomeadamente o incentivo à sua utilização perante a classe trabalhadora. Além disso, a criação de mais vias pode não ser a melhor solução (atente na construção da "tal" transversal à cidade do Funchal já em construção").

As seguinte ideias poderiam resultar na nossa região, se houvesse alguma abertura política em termos de estratégia para a mobilidade:

  • melhoramento das frotas de autocarros na sua qualidade, quantidade e intermodalidade;
  •  exclusividade à circulação de transportes públicos em zonas centrais urbanas (por exemplo, abaixo da cota 40);
  • incentivar o uso de bicicletas e motos elétricas, criando incentivos fiscais e parques de estacionamento exclusivos;
  • concessão de serviços de partilha de ciclomotores elétricos dentro das áreas urbanas;
  • criação de largos parques de estacionamento automóveis "às portas" das cidades;
  • flexibilizar o teletrabalho sempre que possível e promover os horários desfasados;
  • criação de zonas de baixas emissões;
  • promover a descentralização urbana criando "hubs" fora dos centros urbanos, distribuindo o fluxo de trânsito para diferentes locais;
  • desenvolvimento de campanhas de sensibilização para os benefícios da utilização dos transportes alternativos ao automóvel, não só à classe política, como também à população e às comunidades escolares;

Por outro lado, é inevitável imaginar se, um dia, a Via Rápida funcionasse só e apenas com transportes públicos em livre circulação, criando portagens para utilização a particulares. Em vez de se fazer "o tal" túnel no Funchal, porque não um metro com dois sentidos, entre a Calheta e Santana?

Ficam as ideias...

Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 19 de Setembro de 2024
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