Os Prémios "Auto-Concedidos" de Nini Andrade Silva e Eduardo Jesus


E ra uma vez, numa ilha pequenina no Atlântico, onde se conhece tudo e todos, dois nomes que parecem ressoar com especial brilho: Nini Andrade Silva e Eduardo Jesus. Agora, engane-se quem pensa que é pelas suas contribuições inestimáveis à cultura ou à arte universal. Não, estes dois são mestres noutro ofício: o do Prémio Autoconcedido™.

Vamos começar pela Nini Andrade Silva, a designer que "olha para todo o lado, pois até no lixo pode encontrar inspiração". Um dia, num arroubo de profundidade artística, Nini afirma ser uma verdadeira “ninimalista”. E isto, caros leitores, não se trata apenas de um trocadilho engenhoso; é o coração de uma filosofia decorativa! Porque Nini, ao contrário do comum dos mortais, não segue tendências. Pelo contrário, ela "procura criá-las" - sendo, provavelmente, a única pessoa na ilha a procurar ativamente no lixo as suas "inspirações" decorativas.

Porém, os prémios de Nini são como as pedras da calçada: existem por todo o lado, e nem sempre é fácil distinguir se foram atribuídos por um júri de renome ou por aquele sobrinho que tem um blog com 14 seguidores e um logotipo feito no Paint. Cada visita a um qualquer site ou um evento cultural da ilha é uma descoberta da "famosa" Nini e de mais um galardão conquistado. Ora, se isto não é talento, não sei o que é.

Depois, temos o ilustre secretário regional da Cultura, Eduardo Jesus, que, segundo consta, tem a capacidade visionária de atribuir distinções e méritos a quem quer que apareça com uma estatueta ou um certificado que pareça minimamente convincente. Consta-se até que, num almoço de domingo, atribuiu o "Prémio de Melhor Sopa de Agrião" à sua tia por uma textura que “inspirava novas interpretações do caldo à madeirense”. É claro, quem diz sopa, diz também decoração interior, obras de arte e até rotundas.

Reza a lenda que, certo dia, Nini terá deixado uma das suas “ninimalistas” decorações no escritório de Eduardo. Inspirado pelo papel de parede que remetia a uma fusão entre os anos 70 e o que pareceu ser restos de um festival de verão, Eduardo decidiu que Nini era digna de mais uma distinção! Afinal, num mundo onde até o lixo é inspiração, por que haveria um prémio de ser autêntico? Se ele brilha e tem a palavra “internacional” escrita algures, já vale um lugar na prateleira.

Os dois, assim, tornam-se mestres na arte de “dar e receber”, numa ilha onde um prémio, a cada esquina, é quase tão certo como as flores nos postes.

Os prémios destes dois são comprados por eles antes de os supostamente ganharem. Vira o disco e toca o mesmo.

Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira
, 28 de Outubro de 2024
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