Sugestão amigável para a reforma

Nova geração de porta-contentores que futuramente aterrará no cosmódromo do Caniçal.
Financiado pelo PRR e apresentado em vanguarda por Miguel Albuquerque.

Caro Senhor SOUSA, DDT

E spero que esta missiva o encontre com saúde, boa disposição e, claro, a planear mais uma das suas geniais estratégias de “desenvolvimento” para a nossa querida Madeira. Não é fácil, certamente, carregar nos ombros a responsabilidade de manter a nossa ilha num estado de “vanguarda” económica e social, como tem feito com tanto esmero. Confesso que, de fora, parece quase um trabalho hercúleo manter-nos tão habilmente afastados do resto do progresso global, mas é preciso reconhecer que há aqui uma espécie de talento especial.

Ao ver a sua trajetória meteórica no controlo da ilha, não pude evitar fazer uma pequena comparação com o seu colega, o excelentíssimo Ricardo Salgado. Afinal, ambos se especializaram naquela arte subtil de, digamos, “alavancar” oportunidades. Ele, na banca, claro, com o BES - que, a propósito, nem parece um banco falido, dado que o seu nome ainda surge com uma frequência impressionante nas páginas dos jornais - e o senhor, nos barcos, portos e transportes marítimos, com essa sua visão de manter a Madeira bem conservada... como um museu vivo dos anos 80.

Salgado, coitado, lá vai agora arrastando-se pelos tribunais com uma bengala (pelo menos é o que vemos nas fotografias, nunca se sabe com estas coisas). Está a acabar os seus dias a tentar convencer o país de que, afinal, foi um mal-entendido - tal como espero que, um dia, tente explicar os milhares de milhões que "sumiram" na confusão. Imagino o que lhe passa pela cabeça nas noites solitárias: "Onde é que eu errei? Não ter comprado uma ilha?".

E por falar nisso, sou levado a pensar na sua própria reta final, que a julgar pelo ritmo dos acontecimentos, poderá ser igualmente… interessante. E não é que ainda pode evitar alguns dissabores? Com o devido respeito, Sr. SOUSA, DDT está na hora de começar a preparar o seu plano de aposentadoria. Porque, convenhamos, com o “trabalho” que tem feito na Madeira, duvido que alguém da nossa bela ilha se vá comover com as suas necessidades na velhice. Imagino o senhor, numa daquelas casas de repouso, a tentar chamar uma enfermeira. Pena que a única resposta que vai ouvir seja: "Ah, é o SOUSA? Vá, que se sirva sozinho!".

É por isso que venho, num gesto de pura generosidade, sugerir-lhe uma solução inovadora: um robô Elon Musk. Sim, senhor! Aquele homem visionário (que ao contrário de si, lá vai mandando foguetões para Marte enquanto nós nem temos um ferry), lançou recentemente uns robots que fazem tudo! Cozinham, limpam, servem chá, leem O Triunfo dos Porcos ao fim de tarde - e até, se for preciso, repetem-lhe as suas promessas eleitorais para a ilha, para o caso de querer viver em negação até ao fim.

Pense nisto como um investimento para o seu futuro. Porque, francamente, esperar que algum madeirense lhe vá agradecer por este “progresso” que trouxe? Bem, isso parece-me, no mínimo, otimista. A bem da verdade, todos estamos a assistir a um atraso de desenvolvimento tão bem orquestrado que até merecia uma condecoração… mas como já tem algumas, suponho que esta seja dispensável.

Enfim, fica aqui a dica. A velhice chega para todos - uns com classe, outros com bengalas a tiracolo e processos judiciais debaixo do braço - e eu, por amor à sua tranquilidade futura, sugiro o Tesla Bot. Acha caro? Não se preocupe, pode sempre pedir um subsídio à União Europeia, que disso você percebe como ninguém!

Cordialmente,

Um humilde madeirense que está ansioso pela sua reforma (de preferência, no lar da Boa Vista)

PS: Se decidir mesmo pelo robô, por favor, dê um toque - adorava ver o senhor a pedir-lhe que desligasse a TV quando passassem os noticiários a relatar a próxima investigação sobre os fundos da Madeira para o Ferry.

Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 16 de Outubro de 2024
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