O ra bem, senhoras e senhores, vamos lá ver uma coisa. Caiu a ditadura na Síria, e Bashar al-Assad, o "presidente vitalício" de cabelo oleado e sorriso forçado, foi bater à porta da Rússia, como quem pede uma casa emprestada porque a sua própria ficou sem teto (literalmente). Foi uma longa caminhada de repressão, bombas e propaganda barata, mas no fim o povo, o destino ou talvez só um jogo de xadrez político internacional derrubaram o homem. O poder absoluto lá foi perder a força.
Agora, e se olharmos para o outro lado do globo, aqui bem mais perto de casa, temos a Madeira. Ah, a nossa ilha das bananas, do bolo do caco e... da "ditadura" de Miguel Albuquerque, o presidente que se passeia de gravata de marca e um ar de "não fui eu, foi o outro antes de mim". É claro que não estamos a falar de tanques nas ruas e bombas nos telhados, longe disso. Aqui a repressão tem ares tropicais, cheira a espetada e é regada com poncha. Mas, digamos a verdade: a hegemonia do PSD na Madeira é mais difícil de derrubar do que um turista bêbado no Pico do Areeiro.
O Miguel Albuquerque, tal como o Assad, também tem os seus fãs. Não são tanto soldados, mas senhoras que vão às missas dominicais e empresários que juram que ele "sabe gerir bem a coisa". Porque, veja-se, nesta versão madeirense da ditadura, não há exatamente opressão, há é uma espécie de Síndrome de Estocolmo em massa. "O PSD sempre governou, por que haveríamos de mudar? E o que seria de nós sem as obras do regime?" dizem os madeirenses enquanto o ferry para o continente nunca mais chega.
Mas vamos às comparações práticas, que é para isso que estamos aqui:
O poder vitalício: Assad tinha um “plano” de se perpetuar no poder até à eternidade (ou até a ONU decidir que era mau demais). Albuquerque, por outro lado, herdou um trono bem almofadado do seu antecessor, Alberto João Jardim, e parece que também não tem pressa de sair. Afinal, o PSD da Madeira ganha eleições como quem troca de camisa, automaticamente e sem esforço.
A comunicação: Assad tinha um exército de propaganda estatal. Albuquerque tem o JM e o DN, onde qualquer crítica ao governo é metida na secção de cartas ao diretor, bem lá no rodapé. No fundo, são dois especialistas em transformar narrativas em... bem, uma boa história para boi dormir.
O exílio: Assad foi para a Rússia, o refúgio de todos os líderes que dão com os pés às Nações Unidas. Albuquerque, se alguma vez caísse, para onde iria? Talvez para os Açores, a única outra parte do país onde o PSD ainda consegue respirar.
E agora, a questão do milhão de euros: como se faz cair uma ditadura? Na Síria, foi preciso uma guerra civil, sanções internacionais e muita, muita paciência. Na Madeira? Ah, na Madeira basta convencer o tio do táxi e a prima da poncha a votarem em qualquer coisa que não tenha "laranja" no boletim. Parece fácil, mas experimente dizer isso a um eleitor madeirense.
Enquanto uns líderes fogem para a Rússia com medo de julgamentos, outros continuam em calções, a aproveitar o sol no Porto Santo, enquanto a derrota espreita…
Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 15 de Dezembro de 2024
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