N ão sei o que me abate mais, se a negra incerteza que nos ensombra a alma, se o cinismo daqueles que falam por falarem porque as circunstâncias o exigem.
Vejo os cartazes dos vários partidos martirizados pelo vento e ensopados pela chuva, um ou outro já foi parar ao fundo das ribeiras. Tanta criatividade não merecia tão fatal destino.
O do PS lançou o mote da nossa brilhante criatividade, é o «Isto tem de acabar. Vamilhá, Madeira!», com a figura de Miguel Albuquerque (PSD) em grande plano refastelado sobre a areia, sendo servido por José Manuel Rodrigues (CDS) e Miguel Castro (Chega). Este foi o primeiro a criar celeuma e ofendeu impolutos e virgens. Gostei de ver a hipocrisia elevada ao rubro.
Outro de alto gabarito criativo veio com as mãos de Miguel Albuquerque agarradas a notas com a frase inspiradora do rei da ética e da verdade, o partido Chega: «É tempo de acabar com isto». E sempre com a mesma insistência, «Vamos limpar a Madeira», mesmo que ninguém leve mais a sério esta nobreza de propósitos, dado que dentro do partido Chega, já tem sujidade mais do que suficiente para limpar.
O PSD respondeu com magnífico engenho e arte: «Eles querem é mala» ou «Cuidado com a sua mala» e vê-se uma mala ao lado dos slogans. Adivinhe-se o que estará dentro da mala pertencente a um partido habituado a transportar dinheiro vivo em malas de um lado para outro para enriquecer família e amigos.
E para rirmos um pouco a par da incredulidade que se impõe como diapasão da vida que corre, PS oferece-nos um cartaz em grande plano com a figura de Paulo Cafofo enfatuado a rigor a ensaiar a pose para presidente do governo, com a frase mais irónica que se pode ler dadas as perspetivas que se advinham: «Estabilidade e compromisso». Onde?
Mas valha-nos a salvação, o velho, para não dizer decrépito, PSD fala em «dignidade», «valores mais altos» e «projetos para o futuro da Madeira» e «temos que avançar», diz excitadíssimo Alberto João como se não tivesse responsabilidade nenhuma com o passado e com o estado de miséria ética e social em que chegamos.
O cínico rei dos velhos PSD’s, Alberto João Jardim, diz à boca cheia sem vergonha nenhuma como se ninguém tivesse memória nesta terra, que está chocado com os cartazes usados na pré-campanha eleitoral. Porque considera que são ataques com insultos pessoais e não com mensagens políticas, usando ilegalmente a imagem das pessoas, com calúnias e acusações sem fundamento.
Pasmemo-nos com esta virgem «putanesta», segundo a receita do Albuquerque, o «Rei do Insulto», (como se referiu a Jardim um jornal espanhol) diz-se chocado.
Quem não se lembra de certas pessoas apelidadas de «boi cambado», «vaca zarolha», os jornalistas «bastardos para não lhes chamar filho da p…» e algumas pessoas do povo «engenheiros de quarta classe» na inauguração daquela magnífica obra no Lugar de Baixo, hoje património da humanidade… E o que dizia de todos os seus adversários e dos que destoavam da sua prosápia dominadora. Ora, há um rol extenso de insultos que ficam na história desta explorada ilha da (ma)Madeira para alguns.
Mas mal também andamos, porque não nos falta «elevação» e criatividade com fotos enternecedoras nas redes sociais com vários políticos ao colo dos filhos, das esposas ou amantes e até a confeção de receitas alimentares não têm faltado. A «massa a la putanesca» vai ficar na história e nunca mais se esquece.
No final, «c’oma diz o outro», daquele que mais fartou a Madeira a todos os níveis, estamos fartos. E desta mediocridade de propaganda infantil e mísera de criatividade, mais ainda andamos agoniados.
Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
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