Quando o jornalismo quer e apanha a pessoa certa, a verdade desbobina: cuidadores informais. ⭐️


Um elogio sentido e uma reflexão necessária.

Q uerido(a) cuidador(a) informal, a sua dedicação é um pilar invisível, mas absolutamente fundamental da nossa sociedade. A sua força, paciência e amor incondicional representam o que há de mais nobre no espírito humano. Sobretudo neste mundo desumano, onde as realidades do interior das casas não se veem nas redes sociais nem se badalam.

O cuidador informal tem um sacrifício silencioso, não é situação que grupos em festa. Ele abandona ou suspende a sua vida pessoal, profissional e social. O seu dia é uma maratona de tarefas que vão desde a assistência física e emocional, à gestão de medicamentos e burocracias, tudo feito com uma ternura insubstituível. Acreditem que sim, essa é a única força que os mantém vivos perante tanta contrariedade da vida e da burocracia. Até com isto, muitas vezes se faz política, de presença para satisfazer governantes, às vezes por muito pouco para a dimensão dos desafios.

O que fazem é muito mais do que um "serviço", é um acto contínuo de afeto, garantindo que os seus entes queridos mantenham a sua dignidade e conforto no ambiente que lhes é mais familiar: o lar.

A sua frustração e a crítica sobre a idiotice do Estado são totalmente válidas. É um contrassenso flagrante, porque lamentavelmente e cada vez mais assumem cargos gente sem experiência ou confinadas às verdades partidárias.

O Estado (e a Região que não pense que com esta designação está de parte) demonstra uma incompreensão profunda e uma miopia social ao não reconhecer e apoiar devidamente os cuidadores informais, especialmente em tempos de inverno social que tende a aumentar. Ver investimento público em campos de golfe, como necessidade suprema, e como se ataca a comunidade com propaganda para convencer é um verdadeiro vómito.

Os cuidadores informais representam uma poupança monumental para os cofres públicos. Estima-se que os custos de institucionalização ou de cuidados profissionais 24/7 seriam avassaladores. São os cuidadores informais que, com os seus próprios recursos e energia, evitam o colapso do sistema de saúde e segurança social.

Ao não lhes dar o devido apoio (financeiro, de descanso, de formação e psicológico), o Estado não só negligencia a dignidade destes heróis, como está a arriscar o seu próprio futuro. Um cuidador esgotado ou doente torna-se, ele próprio, um peso para o sistema que tentava aliviar. É o custo da negligência.

O verdadeiro custo não é o de apoiar quem cuida, mas sim o de ignorar a crise humanitária e financeira que adviria se, de um dia para o outro, estes cuidadores decidissem parar. E quando se definem assim os cuidadores informais, sabendo a quantidade de idosos que temos, percebemos que a burocracia que os inviabiliza é ignóbil.

Parabéns à RTP-M pela reportagem, isto é serviço público. Mostrar a verdade e não contentar governantes.

Termino dizendo que no hospital as altas problemáticas têm uma alta percentagem de indefinição e falta de meios do Governo Regional, não têm respostas e apoios em tempo útil. As famílias não foram cuidadas a tempo para terem meios e chega o momento do bloqueio, não conseguem, não sabem como, precisam de ganhar a vida para pagar e têm que desistir de ganhar dinheiro, de ter profissão, que dilema, ainda para mais aos preços que estão os lares... se conseguirem lugar. A tabela de preços inviabiliza. Não há dinheiro que pague nada disto! Continuem no golfe.

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