E nquanto a comitiva governativa (...) desfila por Bruxelas — fatos engomados, gravatas justas e discursos sobre “transparência e desenvolvimento” — cá na Madeira continua a sensação de que os fundos europeus entram como maré cheia e saem como nevoeiro.
Mas como cidadãos, não precisamos ficar a ver o desfile. Há muito que podemos — e devemos — fazer quando suspeitamos que o dinheiro da Europa está a ser gasto mais em almoços de gala do que em projetos concretos.
Comecemos pelo básico:
* Pedir relatórios de execução dos programas financiados — saber quem recebeu, quanto recebeu e o que realmente fez com isso.
* Verificar se houve concursos e critérios transparentes ou se a “concorrência” ficou limitada à mesa do café.
* Identificar incongruências: obras prometidas que nunca avançaram, projetos que custaram o dobro sem explicação, resultados que ninguém consegue encontrar.
E depois, não fiquemos só a bufar nas redes sociais:
* Denunciar à OLAF ou à Comissão Europeia quando o cheiro a má gestão for demasiado intenso.
* Cobrar explicações aos deputados regionais e nacionais, que deveriam estar a fiscalizar — e não a contar milhas e ajudas de custo.
* Usar portais de transparência para aceder a registos públicos, e sobretudo, divulgar e mobilizar outros cidadãos. O silêncio é o melhor amigo do abuso.
Porque enquanto os nossos representantes fazem turismo institucional à custa dos contribuintes, os madeirenses continuam sem barco para o continente, sem subsídio de mobilidade funcional e sem uma pinga de vergonha política à vista.
E sim, os discursos em Bruxelas ficam lindos na televisão — pena é que as promessas cheguem à Madeira já sem bateria.
Isto é trabalho, que os deputados eleitos pelo PSD e PS, deveriam estar a fazer; enquanto isso ganham 30 mil euros por mês mais ajudas de custo e os madeirenses nem barco para o continente nem subsidio de mobilidade a funcionar de forma justa.
Nota do MO: autor, temos que ser inteligentes e não ceder a tentações que silenciam os meios. Não tenha dúvidas que é o desejo de muitos.
