É irónico, para não dizer lamentável, que a Madeira esteja prestes a perder uma das suas coleções mais genuínas e emotivas: o Museu do Brinquedo. Ao mesmo tempo que se gastam recursos públicos e privados a comprar peças no estrangeiro para criar um encalhado “Museu do Romantismo”.
O Museu do Brinquedo é mais do que uma vitrine de miniaturas: é uma memória viva da infância madeirense, um património afetivo que atravessa gerações. A saída desta coleção, composta por mais de 20 mil peças, algumas datadas do século XIX, é um sintoma claro de como as políticas culturais locais continuam a valorizar o que vem de fora em detrimento do que nasce dentro de portas. É tipo o futebol que nasceu na Camacha para a Madeira e tem larga adesão para o forçado golfe, uma moda imobiliária.
Enquanto se investe a importar obras e objetos “românticos” de outros países, deixa-se escapar um acervo único, construído com décadas de dedicação, que poderia ser pilar de um verdadeiro museu da identidade insular. Esta contradição revela uma visão cultural ainda demasiado dependente da validação externa, em vez de reconhecer o valor do que é nosso, das memórias, das histórias e dos brinquedos que moldaram tantas infâncias madeirenses.
Não é só o fim de um museu. É a perda de um símbolo de pertença. Num tempo em que tanto se fala de fixar talento e atrair visitantes pela autenticidade, deixar partir o Museu do Brinquedo é um erro estratégico e afetivo. Talvez seja tempo de reaprender que o romantismo maior é cuidar daquilo que nos pertence.
O homem deve se ter cansado das indefinições, há muito anos que perseguia uma ajuda e uma solução. Clássicos só de tranches de meio milhão... Se tivesse na coleção um saco e golfe de brincar talvez houvesse espaço nessa carrada de campos de golfe que não nos dizem nada.
