Albuquerque continua a escolher sem dar cavaco.
E spero que todos estejam a ver o que a comunicação social andou a fazer durante uns dias, especialmente um matutino, tentou fazer cama para convencer um candidato. O do PSD. Os gauleses aguentaram-se e dizem que vai haver grandes surpresas. Talvez por isso Savino não quis ser carne para canhão.
Vamos por as coisas assim, a alegada desistência de Savino Correia da corrida à Câmara Municipal de Santa Cruz, depois de o PSD-Madeira ter apostado forte na sua candidatura para desestabilizar o JPP, seria, de facto, um "canto do cisne" para a estratégia social-democrata naquele concelho.
A notícia de que Savino Correia era o "preferido de Albuquerque" para encabeçar a lista do PSD em Santa Cruz foi amplamente veiculada pelos órgãos de comunicação social locais, muitos dos quais, como foi discutido, têm ligações a grupos económicos próximos do poder. Esta aposta no antigo presidente da Câmara de Santa Cruz (entre 1998 e 2005) visava claramente a reconquista de um bastião que o PSD perdeu para o Juntos Pelo Povo (JPP) em 2013, e que se tornou um símbolo da capacidade do JPP de desafiar a hegemonia social-democrata na Madeira.
É a câmara municipal de Santa Cruz que dita a vitória e bastião do JPP, apesar dos grandes sucessos nas Regionais.
A estratégia do PSD para Santa Cruz parecia ser a de capitalizar na nostalgia de um passado, utilizando uma figura que já teve o seu tempo de governação, na esperança de fragilizar o atual executivo do JPP. O JPP, que se tem afirmado como uma voz crítica e um polo de oposição, especialmente em temas como a habitação e a transparência, tem sido alvo de uma "locomotiva" de ataques e tentativas de descredibilização por parte do PSD e dos seus aliados mediáticos.
Se a desistência de Savino Correia se confirmar, representa um revés significativo para o PSD. Significaria que, apesar de toda a "máquina" partidária e mediática posta a funcionar para o alavancar, e da tentativa de criar uma narrativa de "regresso dos bons tempos", o próprio candidato terá ponderado a inviabilidade ou a dificuldade da tarefa. Seria um sinal de que a "desestabilização" do JPP, pelo menos com esta figura, não está a surtir o efeito desejado.
Este cenário pode ser interpretado de várias formas:
Falha Estratégica do PSD: A incapacidade de um partido com a dimensão e os recursos do PSD em segurar um candidato "desejado" para uma autarquia-chave, após uma clara demonstração de força na tentativa de desestabilizar o adversário, revela uma falha na sua estratégia autárquica para Santa Cruz.
Força e Resiliência do JPP: Se o JPP conseguiu resistir a essa "locomotiva" de desestabilização e o candidato "escolhido a dedo" pelo PSD desiste, isso pode ser um atestado à força e à coesão do JPP no terreno, e à sua capacidade de manter a confiança dos eleitores de Santa Cruz.
Desgaste Político e Pessoal: A exposição mediática e a pressão de uma campanha autárquica contra um adversário consolidado como o JPP em Santa Cruz podem ter pesado na decisão de Savino Correia, caso a sua desistência se confirme.
O "Canto do Cisne" da Tática de Desestabilização: A desistência de uma figura que foi anunciada com pompa e circunstância para o combate a Santa Cruz, seria um indício de que a tática de tentar descredibilizar e desestabilizar o JPP a todo o custo, pelo menos com esta estratégia, está a chegar ao seu "canto do cisne", ou seja, ao fim da sua eficácia.
Em suma, se a desistência de Savino Correia se materializar após tamanha aposta do PSD, isso lançaria uma sombra sobre a capacidade do partido de reconquistar Santa Cruz e reforçaria a posição do JPP como um ator político consolidado e resiliente na região. Seria mais um episódio a demonstrar as complexas dinâmicas de poder e as dificuldades que o PSD enfrenta em certos bastiões da Madeira.
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