A vida na Madeira já tem declives suficientes sem precisarmos de discussões a subir, vimos por este meio esclarecer um pequeno mal-entendido que teima em pairar como nevoeiro sobre o Funchal, Eduardo Jesus, não é de uma ligação aérea para Faro que os madeirenses andam a suspirar.
Não, senhor secretário. A população da Madeira não acorda a meio da noite a sonhar com jatos rumo ao Algarve. O que realmente nos tira o sono (e nos tira a paciência também) é a eterna novela do ferry, esse mitológico navio que, ao que parece, só existe em comunicados de imprensa e promessas eleitorais.
Estamos a falar de uma ligação marítima estável, regular e acessível, que nos permita transportar pessoas, carros, memórias de verão e, com alguma sorte, o vinho da terra até ao continente, sem ter de hipotecar um rim para pagar o frete.
E por favor, poupe-nos às manobras de ilusionismo político. Dizer que "estamos a trabalhar na mobilidade" ao anunciar mais um voo para Faro não resolve o problema. É areia para os olhos. E já temos areia suficiente nas praias artificiais.
Talvez haja aí uma certa confusão no GPS político, mas convém recentrar a bússola. A Madeira quer mais do que uma selfie na pista do aeroporto; quer poder meter o carro no barco, visitar a família no continente, fazer compras em condições e voltar sem precisar de rezar para que o banco aprove mais um crédito pessoal.
Portanto, caro Eduardo, da próxima vez que fores anunciar um avanço na mobilidade, deixa os aviões em paz por uns minutos e lembra-te do ferry. Sim, o ferry. Aquele que aparece nos programas de governo como o Pai Natal aparece no Natal, uma vez por ano, e sempre com promessas que nunca chegam.
Os madeirenses estão fartos, fartos de vocês governo regional.
0 Comentários
Agradecemos a sua participação. Volte sempre.