H oje é dia grande na Madeira. O PSD local celebra no Chão da Lagoa a sua tradicional festa popular — aquele ritual em que se fingem limpos enquanto o cheiro a enxofre judicial se disfarça com espetadas e folclore. Miguel Albuquerque, presidente do governo regional e agora também arguido de pleno direito (inquérito nº 571/2020.5TLSB), partilhará o palco com Pedro Calado, ex-vice, ex-presidente da câmara do Funchal e atual colecionador de processos (arguido no inquérito nº 264/2021.6TELSB e em mais uns quantos episódios da novela criminal "Operação Ad Initio").
Desta vez, o enredo envolve um modesto financiamento ilegal de apenas... um milhão de euros. Nada de especial. Apenas dinheiro público a circular por mãos privadas para acabar, alegadamente, nos cofres do PSD Madeira. Um clássico de criatividade insular - turismo, bananas e esquemas.
Pedro Calado e Custódio Correia (empresário de ocasião e sócio da suspeição) são reincidentes no elenco. Já aqueceram cela juntos durante 21 dias no início de 2024 - um retiro espiritual promovido pelo Ministério Público. Mas hoje estarão de volta ao convívio democrático, brindando à justiça lenta com copos de poncha e abraços entre camaradas.
Tudo isto com a bênção de Luís Montenegro, líder nacional do PSD, que parece encarar a lama como se fosse relva molhada, escorregadia, mas ótima para a fotografia. Nada como celebrar a democracia em liberdade, mesmo que em liberdade condicionada por investigações judiciais.
No fundo, o PSD Madeira não está sob suspeita. Está em performance. E a Justiça, essa, continua a fazer de conta que um arquipélago pode ter regras próprias — legais, fiscais e agora também morais.
Luís Montenegro, ele próprio não quer divulgar quem são os clientes da sua empresa… porque será?
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