Enquanto os hotéis enchem os bolsos...


... quem enche os baldes são sempre as mesmas.

E duardo Jesus e Miguel Albuquerque continuam a desfilar números turísticos como se fossem prémios, milhões de dormidas, milhões em receitas, milhões em “sucesso”. Mas nada dizem sobre o preço humano que está a ser pago nos bastidores da hotelaria madeirense.

Por trás de cada quarto limpo, há uma mulher exausta. Por trás de cada sorriso de receção, há um funcionário que engole insultos. O que está a acontecer nos hotéis da Madeira é abuso normalizado: assédio, agressões verbais e físicas, turistas que cospem, berram, vandalizam quartos, expõem-se nus para humilhar. E tudo isto silenciado pelas direções dos hotéis, que preferem proteger estrelas no TripAdvisor do que proteger os seus próprios trabalhadores.

E os nossos governantes?

Eduardo Jesus, que devia ser o primeiro a defender a dignidade de quem sustenta o turismo madeirense, limita-se a posar para fotografias com presidentes de cadeias hoteleiras.

Miguel Albuquerque, que gosta tanto de dizer que defende “a Madeira e os madeirenses”, desaparece quando esses mesmos madeirenses são humilhados dentro dos hotéis.

Mas atenção: quem trabalha tem direitos. E tem aliados.

As trabalhadoras e trabalhadores da hotelaria têm todo o direito de se organizar, de denunciar e de parar se for preciso. E há sindicatos que estão do vosso lado:

  • Sindicato da Hotelaria, Turismo, Comércio e Serviços dos Açores e Madeira (SITE-CSRA)
  • Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares (SITHTRANS)
  • CGTP-IN Madeira, que tem acompanhado casos de abusos e precariedade
  • E também movimentos como a Plataforma pela Dignidade no Trabalho, que têm dado voz aos que normalmente são silenciados.

É hora de dizer basta.

Se as mulheres de housekeeping pararem, os hotéis param. E talvez seja preciso esse choque para perceberem que não se constrói uma economia de "sucesso" com base em corpos esgotados e dignidade varrida para debaixo da cama.

Esta Madeira não pode ser só para quem chega.

Tem de ser, primeiro, para quem aqui vive, trabalha e sustenta este chão.

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