JSD: de escola de quadros a Clube de Amigos


E m Câmara de Lobos, celebrou-se uma “vitória” da JSD local com 16 votos, como se isso fosse símbolo de relevância. Ignoraram os 9 votos brancos e os 3 nulos, que gritam o descontentamento e a falta de confiança. Uma eleição com tão pouca expressão deveria servir de sinal de alarme, não de fotografia para redes sociais. A candidata, que também ambiciona um lugar no executivo municipal, mobilizou quase ninguém. O projeto não entusiasma, não agrega, não inspira. Fracassou.

E no Funchal? A JSD perdeu terreno para a Juventude Popular, uma estrutura com menos meios, menos histórico e, ainda assim, mais ativa, mais próxima, mais presente. A JP fez o que a JSD já não consegue: ligar-se à realidade dos jovens. Porque, ao contrário da JSD, a JP não vive em circuito fechado. Trabalha no terreno. Escuta. Propõe.

O problema é profundo. A política jovem transformou-se num jogo interno de vaidades, onde o objetivo é garantir um lugar na lista, não servir a comunidade. O serviço público foi trocado por carreirismo precoce. O mérito foi substituído por conveniência. E isso tem consequências: descredibilização, irrelevância e afastamento das bases.

Responsável direto? Bruno Melim. Como líder da JSD Madeira, falhou em reanimar a estrutura, apesar de reconhecer publicamente a necessidade de mudança. O discurso existe, a ação não. A JSD desligou-se das escolas, das associações juvenis e dos movimentos que realmente fazem diferença. E agora paga o preço: inércia, desmobilização e perda de espaço político.

Para os candidatos autárquicos, fica um recado sem panos quentes: escolher jovens para as listas não pode ser por amizade ou estratégia interna. Tem de ser por mérito, por trabalho feito, por ligação ao terreno. Um jovem sem conteúdo não representa o futuro de nada. Representar a juventude exige mais do que idade, exige ideias, compromisso e ação.

A JSD precisa urgentemente de se despir da arrogância e vestir a responsabilidade. Não basta aparecer, é preciso agir. Não basta repetir slogans, é preciso produzir pensamento. Não basta ocupar cargos, é preciso estar à altura deles.

A juventude não é um acessório de campanha, é o motor da mudança. Câmara de Lobos e o Funchal merecem mais do que estruturas decorativas. Merecem juventudes que pensem, que façam e que representem com substância, coragem e verdade.