O fenómeno dos roncadores
RRR - Repetição, Repulsa e Ruído
H á gente que, por abordar um assunto nas redes sociais, as pessoas passam a ignorar porque estão fartas desse ruído, são roncadores. Perdem sempre e regressam sempre, a sua vida é estar a mal com a vida. Não mudam. No fundo são os oposicionistas que ajudam o PSD, os assuntos que até podem render votos são inutilizados.
O "roncador" das redes sociais é um arquétipo da era digital, uma pessoa que se prende a um ciclo vicioso de queixa, oposição e negatividade, perdendo, mas regressando sempre para estar a mal com a vida. Assunto que toque acaba queimando.
A repetição constante do mesmo tipo de crítica, sem abertura a novos ângulos ou soluções, torna-se previsível. Nas redes sociais, onde a atenção é a moeda mais valiosa, esta monotonia gera fadiga de conteúdo. Assim nasce a repulsa que estas pessoas provocam, nem é ideológica, mas afetiva. As pessoas afastam-se não porque discordam do assunto em si, mas porque se sentem esgotadas pela intensidade e pela falta de construtivismo da abordagem. O tom e a forma anulam o potencial do conteúdo.
O discurso transforma-se em "ruído", algo que preenche o espaço de comunicação mas que não veicula informação útil, apenas uma emoção desgastante. O instinto de autopreservação digital leva os utilizadores a silenciar ou a ignorar a fonte desse stress constante.
São os oposicionistas que ajudam o PSD, quando um assunto potencialmente mobilizador (que poderia render votos à oposição) é abordado de forma tão agressiva, repetitiva ou maniqueísta pelos "roncadores", acaba rapidamente contaminado por essa repulsa. A causa inicial, por mais justa que seja, é associada ao comportamento desagradável e extremado do mensageiro. Os eleitores moderados, indecisos ou até simpatizantes da oposição, evitam a discussão porque não se querem identificar com a toxicidade ou o desgaste associados ao tema. Ao anular o potencial mobilizador de temas importantes com a sua abordagem tóxica, estes "oposicionistas" acabam por tornar a vida mais fácil ao partido no poder (neste caso, o PSD), que se pode posicionar como a opção de calma, moderação ou solução contra o "caos" e a "gritaria" da oposição que leva a imagem dos roncadores. Em vez de conquistarem, polarizam para um campo que repele o eleitor centrista.
Os "roncadores" são, paradoxalmente, as vítimas e os arquitetos da sua própria irrelevância digital. A sua paixão pela queixa e a sua incapacidade de mudar a abordagem, perdendo sempre e regressando ao mesmo padrão, faz com que os potenciais eleitores virem as costas, não por ignorarem o problema que levantam, mas por estarem fartos da forma como o problema é apresentado. O ruído que fazem não derruba, apenas ensurdece a sua própria audiência.
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