Miguel regressa às Aulas.


T al como a Anita, o menino Miguel decidiu regressar às aulas para aprender contas de somar. O sonho de criança do Miguel era que quando fosse grande pudesse baixar o IRC às empresas para 10% para assim "derramar" o crescimento da economia e criar mais emprego de ordenados quase mínimos.

Quando o professor Rogério lhe perguntou como é que vai pagar as obras do padrinho com menos impostos, o menino Miguel, com aquele ar muito inteligente, respondeu-lhe que vai pagar com o IVA dos supermercados dos pobrezinhos e com o IRS dos pedreiros das obras, porque toda a gente sabe que 10% + 22% é igual a 40% e que, mesmo que 5% fique para o seu mealheiro, ainda cresce 48% para o padrinho.

O professor Rogério ficou estupefacto com a inteligência do menino-prodígio e, depois de lhe arriar forte e feio umas reguadas, pediu-lhe para "recitar" a tabuada dos 2, ao que o menino Miguel respondeu que a dos 2 não sabia mas que o Pedro, o seu colega de cartilha, sabia a dos 10 de cor e salteado.

O professor Rogério voltou-se então para o menino Pedro, que era o seu aluno "preferido", e pediu-lhe a sorrir para ensinar ao menino Miguel a tabuada dos 10. O menino Pedro, que estava entretido a brincar com os Popós, ficou irritado com a denúncia do menino Miguel e respondeu que isso era mentira do Miguelito para lhe denegrir a imagem, a única coisa que ele sabia de cor era o abecedário.

Entretanto, gerou-se um sururu na sala porque a menina Patrícia há mais de meia hora estava com o braço no ar aos gritos, a dizer que sabia a tabuada toda de cor, porque o pai lhe tinha ensinado em casa.

Foi então que o professor Rogério pediu que a menina Patrícia ensinasse aos dois cábulas da turma a tabuada dos 2. A menina Patrícia colocou-se de pé e começou a cantarolar a tabuada: 1€ para dois, três! 2€ para 2, oito! 3€ para 3, cinco! 4€ para …

Incrédulo, o professor interrompeu a menina Patrícia dizendo-lhe que estava tudo errado, ao que a menina Patrícia ripostou que isso não interessava porque no fim acertava as contas com uma fatura falsa para dar tudo certo e se o professor queria agora que "recitasse" a tabuada do ferry...

Cada vez mais agastado e como castigo pela ignorância da turma, o professor Rogério mandou o Pedro e a Patrícia para a rua e colocou no menino Miguel um chapéu de burro, obrigando-o a escrever 40 vezes no Quadro “Quando for grande vou ser político”.

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