Vacine-se, é maior o benefício do que a desconfiança.

 

B om dia, tenho apreciado a discussão no CM do pro e anti vacina, gostaria de participar de uma outra forma, recordando o passado. É difícil saber em quem confiar, porquê? Por informações contraditórias, casos suspeitos, políticos que escondem e são manhosos a responder, uma vacina que parece aquém do previsto e a precisar de mais doses. Bem, ela era fraca ou desfocada? De facto apareceu mais variantes, isso conta, mas tudo isto não são as vicissitudes da pandemia?

É verdade que comentando entre amigos, muitos apesar de não ter contra-indicações de monta, dizem que algo anda diferente no organismo. Hipocondriácos ou cansaço? Mas daí até desconfiar vai um mundo. É aqui que se situam as desinformações sobre as vacinas da Covid, que são abundantes. Julgo extremada a posição das pessoas que não se querem vacinar, mas estão no seu direito, até parece que a vacina é pior do que a doença mas, com tantas aplicações, já deveria haver por aí uma catástrofe pior do que a Covid.

Repete-se a desconfiança na ciência tal como no passado. Tudo isto começou à medida que a humanidade estava perto de conseguir uma vacina, após meses de contágio severo, acompanhado de hospitais à cunha e mortos. Mas logo começaram os impulsos de desinformação e resistência, a anti vacinação. Parece saudosismo da crise sanitária severa. No ano passado, começaram a surgir as intermináveis teorias da conspiração, as campanhas de desinformação ganharam força online durante o aumento das taxas de infeção de COVID-19 em todo o mundo. Impressionante, na doença e na cura. Olhar para a história desses movimentos pode nos ajudar a entender o porque deles serem tão eficazes em capturar seguidores.

Os que promovem a anti vacinação usam consistentemente um conjunto padrão de estratégias. Embora possa ser difícil ver padrões de argumento, no contexto moderno, olhar para trás, num caso histórico de epidemia e desinformação, fornece um estudo útil para revelar as estratégias anti vacinação recorrentes de hoje.

Em 1885, durante a epidemia de Varíola, tivemos um "ótimo" exemplo de movimentos com panfletos anti vacinação. Sabem o que temos mais de um século depois? Vivemos num mundo que erradicou a Varíola usando uma vacina. Contudo, em 1885, a vacinação contra a Varíola foi fortemente contestada, apesar das evidências em seu favor e da eficácia comprovada. O impressionante, mais de um século de distância, são os argumentos atuais não serem novos, por isso estudar o passado e reconhecer as novas "roupagens" pode ajudar a combater eficazmente o ceticismo à vacina da Covid.

Em 1885, apesar das taxas de mortalidade entre 30 e 40 por cento e do extremo contagio da Varíola, era comum os anti vacinas afirmarem que a Varíola era apenas uma ameaça menor para a população. Como isto parece coisa de "Bolsonaro" e a sua gripezinha, com o registo de tantos mortos no Brasil. Por agora, também se minimiza a ameaça como tática comum nos debates contemporâneos. Muitos dos que promovem a agenda anti vacinas afirmam que estas são mais perigosas do que a doença. Não evoluímos ou somos desconfiados por natureza? Mas, em 1885, a campanha anti vacinas também foi inflexível sobre o papel da imprensa e da classe médica em alimentar os temores sobre as infeções, como parte de uma campanha para ganhar dinheiro. Como? Se infecta, houve hospitais cheios, morreram milhões, não havia espaço em cemitérios e muitos perdemos pessoas das nossas relações?

Em 1885, as medidas de saúde pública foram descritas pelos anti vacinas como um atentado aos direitos pessoais e um abuso do poder governamental. Diziam... “não falem mais sobre a tirania russa”. Conforme vemos, o apoio contínuo por trás da crença numa conspiração para limitar as liberdades, entre outras teorias de conspiração mais radicais, estão de volta. O movimento anti vacina atual tem uma abundante fonte de referências, de gente que não é referência, por exemplo, Andrew Wakefield, agora desacreditado e ex-médico que publicou originalmente o estudo fraudulento ligando a vacina MMR (sarampo, parotidite (papeira), rubéola) ao autismo.

Quando os anti vacinas vos atiram supostos suprassumos da medicina, não é mais do que a reedição da longa tradição de promover as palavras de “especialistas” que apoiam sua narrativa. No século XIX, os debates sobre vacinação muitas vezes trouxeram um pequeno círculo semelhante de médicos que falavam contra a vacinação, chamando-a de uma prática “suja” e “má”. Embora seus argumentos tenham sido refutados por muitos na comunidade médica, eles ganharam uma notoriedade de falso prestígio entre os anti vacinas, como as vozes autorizadas que ofereciam a “prova” necessária. Sempre houve indivíduos que capitalizam com as crises sanitárias, para promover sua própria agenda e, na era moderna dos media digitais e da internet, as estratégias de desinformação evoluíram e expandiram-se de forma rápida.

O que vivemos é mais um episódio da humanidade contra as doenças que há séculos assolam, matam e conseguem a dimensão de pandemia. Resolveremos com a ciência, certamente por tentativa e erro, mas avançaremos.

Temos que cuidar do nosso planeta, as alterações climáticas são o desequilíbrio de tudo! Bom fim de semana a todos, desculpem me alongar. Obrigado.

Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 11 de Dezembro de 2021
Todos os elementos enviados pelo autor.

Adere à nossa Página do Facebook (onde cai as publicações do site)
Adere ao nosso grupo do Facebook: Ocorrências CM
Segue o site do Correio da Madeira 

Enviar um comentário

0 Comentários