T enho lido muitos artigos no Correio da Madeira sobre o jornalismo, os jornalistas e o que devem ou não fazer perante a apatia geral da sociedade portuguesa em relação a quem detém o poder em todos os setores públicos e privados.
Ora bem, se vamos criticar uma determinada classe, convém sair um pouco do modelo crítico da tasca, se bem que reconheço que, por vezes, são antros pertinentes do sentimento popular. Mas os artigos que têm sido publicados através deste meio em crescimento, são elaborados por pessoas que, segundo as minhas suspeitas, raramente frequentam esses locais.
O que se passa com o jornalismo e com os profissionais desta classe na Madeira?
É simples e até mesmo humanamente compreensível.
Se prestarmos a devida atenção, ao longo destes últimos anos o Governo Regional e outras entidades públicas têm esvaziado as redações dos mais diversos órgãos de comunicação social, recrutando para os cargos de assessorias e afins profissionais que, outrora, embarcaram na aventura de marcarem a diferença através dos seus artigos, investigações, etc.
O desencanto com o mais do mesmo na sociedade, porque a história repete-se vezes sem conta:
- a fadiga do malhar em ferro frio e os perigos que isso acarreta;
- a falta de proteção e até mesmo de solidariedade por parte de quem manda nas empresas de comunicação social;
- os ordenados que não chegam para cobrir o custo de vida e que são manifestamente inferiores àqueles que são oferecidos pelo Governo e Câmaras;
- o trabalhar em cima do joelho porque a redação é curta e os dedos são poucos para escrever as páginas do jornal ou os noticiários das rádios e tv’s;
- o cansaço extremo mental que se reflete no corpo;
- o envelhecimento e as amarguras provocadas pelas memórias de um passado diferente com mais pica, mais intervenção, mais notoriedade;
- a falta de tempo para ensinar os novos recursos que chegam às redações sem preparação para lidarem com a realidade;
- o novo quadro social que se está a compor na ilha e que faz lembrar os tempos da execrável colonia em que aquilo que havia de mais precioso estava nas mãos de poucos, mas super poderosos que, tal como agora, gozam de uma impunidade que não foi a votos;
- as represálias internas que muitas vezes não são conhecidas publicamente porque fulano X escreveu isto ou sicrano Y disse aquilo.
A profissão de jornalista mudou muito nos últimos anos no dito mundo ocidental democrático e moderno. O enfraquecimento da profissão, outrora briosa, dá-se todos os dias com estes e outros exemplos. Para os críticos iluminados pela vontade figadal de virar tudo de pernas para o ar e depois vê-se o que fazer com os danos, deixo a pergunta: perante o exposto, quais são as vossas soluções?
Enviado por Denúncia Anónima.
Quarta-feira, 5 de Outubro de 2022
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