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meramente ilustrativo |
Quem tudo quer, tudo perde.
A 31 de janeiro deste ano fui ao nosso aeroporto para apanhar um avião, já na zona comercial de embarque, manhã cedo, fui a um café pedir o meu pequeno almoço ao balcão. Depois de servido, virei-me à procura de uma mesa, estava tudo cheio. Um casal idoso percebeu a minha situação e fez gestos para a mesa de 4 com 2 lugares disponíveis, convidaram-me. Foi impossível não haver conversa, um momento interessante para entrar noutro mundo que nós não contactamos.
O casal de agora idosos vivem (viviam) há 23 anos na Madeira, no início por longas temporadas porque a profissão permitia, depois em permanência com a aposentação. Após uma avaliação de tudo o que se está a passar, acharam que era de aproveitar a "bolha" para vender bem a sua casa e partir para nova aventura. Percebi que esta gente não vive num mundo hermético ao nosso, simplesmente não participam, pelos menos estes, mas sabem tanto quanto nós o ambiente que se vive na Madeira. Tomaram a decisão de deixar a ilha, não regressam ao seu país natal, antes vão se mudar para uma ilha nas Caraíbas. Não me disseram seu país natal (falavam bem inglês) nem qual a ilha nas Caraíbas.
Em tom familiar, como sendo dos nossos madeirenses, disseram sobretudo que a Madeira não sabe ver os erros dos outros para apurar as suas decisões, antes repetem os mesmos erros, muito mais tarde e dizem que inovam. Na Madeira talvez, no mundo não. Foi uma agradável conversa e o tempo voou, desejei que a sorte nos pudesse colocar na mesma fila do avião mas não aconteceu.
E o que disseram sobre os maus caminhos da Madeira?
Não sabem valorizar a natureza nem sabem atender às suas necessidades com as alterações climáticas (achei que eram formados nesta área). Detetaram uma máfia dos terrenos, porque há episódios com estrangeiros que se sentem roubados, como sempre, "legalmente"; falaram da má qualidade dos serviços públicos, em particular a Saúde pública; das decisões políticas e não técnicas ou por lei de licenciamentos; da situação das jaulas de douradas, opção que colide com a construção e ambiente de qualidade adaptado ao meio; a educação das pessoas e a agressividade que se modificou para pior, há faltas de respeito; a forma como a CMF está a lidar sobre o ruído que interfere com o descanso das pessoas, mencionaram um novo lugar de barulho junto à Barreirinha, onde alguns estrangeiros também começaram a vender casas; etc.
Os estrangeiros residentes na Madeira falam entre si, sobretudo a comunidade estrangeira pré Vistos Gold que tinham habitação na Madeira. Aquela que começou um "aldeamento" no Caniço de Baixo, há muitos anos, e que em parte se deslocou para o concelho da Calheta, já com descendentes.
Há uns anos sentia-me em casa, a família vinha com frequência à Madeira mas eles, mais do que nós residindo permanentemente, sentiram uma evolução negativa do ambiente geral, pessoas e meio.
Fica o meu contributo para que cada um pense sobre este meu episódio. Os estrangeiros de longa data na Madeira estão a aproveitar a bolha para vender as suas casas e ir para outro lugar. Disseram algo enigmático, "há quanto tempo não se vê as honrarias de quem faz "x" visitas à Madeira? Trocaram gente fiel por outra sempre a rodar". O cliente fugaz de low cost, umas bebedeiras, sol, aventuras e estão prontos para outra não seguram um negócio previsível, vai da onda das promoções.
Estamos num tempo de mudança mas para onde caminhamos? Uma terra sem gente e de casas fechadas como no sul de Espanha? O início do rebentamento da bolha creio que já começou, porque só gente para ter passaporte não vai ocupar tudo. Seremos uma terra de patos bravos.
Enviado por Denúncia Anónima.
Sexta-feira, 3 de Fevereiro de 2023
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