As mentiras da verdade


É com muito prazer que encontro um ilustre doutorado e investigador a escrever no Correio da Madeira, o mesmo que há uns anos atrás afirmava que não conhecia nem lia o “Correio da Madeira”, mais conhecido pelo Pasquim. 

Não é muito difícil de perceber que “A verdade da mentira” parece ser um texto escrito por alguém que percebe de Geologia, Hidrologia e de Hidráulica, mas que peca por transpirar alguma ingenuidade. A sua consciência, talvez pelo facto de ser pago por dinheiros públicos, não o deixou ir mais além?

Já que estamos apresentados, fique descansado que a sua identidade fica entre nós porque embora não seja o Governo Regional que me paga o ordenado, também não me vou identificar. Gostei do seu texto mas considero-o demasiado comedido.

Como não podia deixar de ser, concordo com quase tudo o que escreveu, com exceção para um ou outro pormenor. Por exemplo, esqueceu-se de referir que nós dois consideramos que as estruturas estão sobredimensionadas para os caudais esperados e que isso viu-se na ineficácia da contenção nas recentes intempéries. Então choveu mais 52% do que no 20 de fevereiro e a água nem passou a 10% da altura dos pilares? Também esqueceu-se de referir que a distância de mais 3.7m entre os pilares dos primeiros açudes a montante não servem para nada? A estrutura é tão ineficaz que entre os pilares podem passar pedregulhos maiores que um carro.

Esqueceu-se também de referir que, embora algumas estruturas como as de João Gomes e as da Santa Luzia estejam preparadas para levarem pórticos metálicos com barras amovíveis, que permitiriam reduzir o diâmetro do material, passados mais de 10 anos continuam por instalar porque se calhar não estavam no caderno de encargos e agora não fazem falta nenhuma. Afinal, segundo consta, o sistema funcionou bem sem os pórticos. 

Embora discordemos de alguns pormenores, ambos concordamos que os mais de 230 milhões que se gastou em betão nas ribeiras daria para criar mais de 20 barreiras mais pequenas e mais eficazes, a montante, nas linhas de água secundárias e terciárias. Resumindo, ambos sabemos que as estruturas de retenção foram mais um investimento do Governo Regional para a fotografia.

Outro pormenor que discordamos tem a ver com a forma como se fez a canalização. Em todo o trajeto das linhas de água, não conheço nenhuma zona de depósitos de inertes e de desaceleração o que, como sabe, permitiria reduzir as velocidades e os caudais evitando os tais regimes turbulentos incontroláveis. Viu o vídeo daquela onda que desceu a ribeira de Santa Luzia, que ultrapassou os 7 metros por segundo e que por pouco não passou sobre a ponte do Bazar do Povo?


Meu caro, não perca tempo a ensinar mentecaptos, o que interessa realmente é que continue a haver inertes para se retirar das ribeiras e que chegue muito material às fozes para provocar assoreamento e se continuar a alimentar as construtoras da Madeira.

Caro Doutor, quando tiver tempo ligue-me, terei muito prazer em tomar um café consigo.

Um abraço


Leituras relacionadas:

Enviado por Denúncia Anónima.
Domingo, 11 de Junho de 2023
Todos os elementos enviados pelo autor. Imagem, vídeo e link adicionado pelo CM.

Adere à nossa Página do Facebook (onde cai as publicações do site)
Adere ao nosso grupo do Facebook: Ocorrências CM
Segue o site do Correio da Madeira

Enviar um comentário

0 Comentários