A s Direções dos dois matutinos da imprensa escrita que se publica na Região, a qual, diga-se o, que se quiser, é ainda a que chega a mais madeirenses, assumiram, há muito tempo, uma opção de publicar, como artigos de opinião, escritos de diversas personalidades, que todos identificamos como atores políticos no ativo. Poder-se-ia questionar esta opção editorial, nem que fosse pela meridiana razão de um órgão de comunicação social transmitir, ainda que disfarçada de opinião, propaganda partidária (e aqui, deve dizer-se, que vinda de vários quadrantes). Em tempos mais recuados, faziam-se comunicados que chegavam às redações em papel timbrado dos partidos ou, se oriundos do governo, sob a forma de “notas oficiosas”.
A versão soft em curso, nos dias de hoje, põe alguns protagonistas escolhidos por não se sabe quem, uns em efetividade, outros na segunda linha, a debitar opiniões que, ou correspondem maioritariamente à linha oficial do partido que representam, ou podem significar dissensões. Neste último caso, invariavelmente, ao fim de algum tempo, o articulista acaba por desaparecer do mapa sem que se perceba muito bem o que levou a tal desenlace. Também acontece o mesmo quando o articulista se mostra muito incómodo para alguns interesses em presença.
O mesmo é dizer que a publicação de opinião, outrora um dos atrativos da impressa publicada e lugar de afirmação e destaque de distintos cronistas que ficaram também conhecidos pelos artigos que assinavam, tende a desaparecer. Haverá artigos e crónicas, mais ou menos inócuos, versando variedades ou até desvarios, mas tudo o que contenda com interesses instalados ou dominantes é severamente controlado e, a prazo, extinto. Mesmo a crónica social e de costumes ficou remetida para o espaço limitado das “Cartas do Leitor”.
Dirão alguns que, hoje, as pessoas expressam-se através do Facebook, Instagram, WhatsApp e outras redes sociais. É verdade, mas nestas sedes não há filtros e tudo o que se diz, com razão ou sem ela, com correção ou sem ela, com ofensa ou sem ela, é publicado; a credibilidade, a razoabilidade, até a crença, perde-se no imenso ruído criado por alguém que só quer dizer a primeira coisa que lhe vem à cabeça e a diz sem pensar duas vezes.
Ainda hoje, por exemplo, perante um texto publicado no Correio da Madeira, intitulado “Fumo Liberal” (link), o meu primeiro instinto seria dizer que o que a Iniciativa Liberal defendia não correspondia ao que estava vertido no mesmo. Avisado, antes de reagir, fui ver o que a senhora deputada disse. De facto, falou em esplanadas e em fumadores nas mesmas, sem distinguir. Tendo sido fumador, admito que, mesmo numa esplanada ao ar livre, o fumo do tabaco seja incómodo e prejudicial a quem não fuma. A possibilidade desse incómodo não deve existir e as zonas devem ser claramente delimitadas.
A senhora deputada da IL não abordou o assunto como deveria. O ponto a questionar deveria ser a excessiva regulamentação dos pontos de venda do tabaco. O Estado não deve determinar que o acesso ao tabaco seja restrito ao ponto de se determinar, em termos muito restritivos, os pontos de venda. Se há razões ponderosas de saúde publica, o governo que as assuma e diga, de uma vez por todas, que consumo do tabaco é proibido, como outras drogas o são (ainda que com hesitações). Enquanto não for determinantemente proibido, um cidadão pode comprar tabaco e encher um quarto da sua casa de fumo de tabaco. Ser-lhe-á, por certo, prejudicial. Não sendo substância proibida é opção dele. Se tentar partilhar o fumo com outras pessoas, será outra coisa. Não ser permitido fumar em locais de acesso público generalizado, como as esplanadas, sem prejuízo da possibilidade de instalação de locais reservados para o efeito, parece-me ser a opção evidente.
E a Liberdade passa por aí! Pena é que, passados quase 50 anos ainda haja muita gente que não consiga perceber!
Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 2 de Outubro de 2023
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