Os contratos unilaterais e prepotência da Banca.
Dois pesos e duas medidas a fomentar injustiças.
D urante a crise bancária, os bancos precisaram dos contribuintes portugueses para ajudá-los, apesar de sentirem na pele os cortes de ordenados e muitos outros constrangimentos nas suas vidas. Muitos entraram em falência pessoal, tendo-lhes sido fechadas todas as portas de saída dos problemas. Quantas pessoas perderam a sua casa ou apartamento, único teto familiar, entregaram seus bens ao banco, perderam os valores já pagos e, por vezes, ainda ficaram com dívida ao banco. A sofreguidão da Banca foi tanta que sufocaram estas pessoas, como se a entrega da casa não fosse suficiente; além disso, voltaram a ganhar vendendo os imóveis. Se formos realistas, ganharam três vezes com o cidadão português visto que beneficiaram, em simultâneo, das ajudas do Estado, isto é, o dinheiro de todos nós.
Numa fase posterior, começou a odisseia de cobrarem por tudo e mais alguma coisa: de taxinha em taxinha foram engordando os seus lucros. Fantástica solução dada por gestores de sucesso que se limitaram a cobrar, de grão a grão tirado a muitos, os lucros multiplicaram-se e eles foram agraciados com prémios. É tão giro vê-los em conferências como grandes senhores, não passam de parasitas.
Penso que toda a gente deve ter notado que os contratos que haviam assinado nos bancos, anteriormente, unilateralmente foram alterados pelos “ditadores” da banca. A título de exemplo, passaram a exigir cartões de crédito, conta ordenado, taxa de manutenção de conta (quando o cliente cada vez mais faz o trabalho do banco pois realiza operações online), taxa de emissão de um extrato da conta, taxa de levantamentos, taxa de transferência bancária, etc. Como se não bastasse esta situação, vão alterando certas condições de ano a ano, sem qualquer aviso prévio, causando instabilidade ao cliente que se vê impossibilitado de saber com o que pode contar. Por vezes, o cliente apercebe-se da cobrança de uma taxa, dirige-se ao banco e este “dá uma volta no caso” e deixa de cobrar; de qualquer forma nesse mês já pagou, valor em caixa. Todavia, no ano seguinte tudo volta ao mesmo, já sem possibilidade de ajuste. É caso para perguntar: se um contrato tem subjacente a existência de duas entidades, como é possível o cenário anteriormente traçado? As mudanças deveriam ser aplicadas apenas a novos contratos!
Infelizmente, há ainda quem use a expressão “um banco não é uma instituição de caridade”, perante algumas críticas de clientes, numa visão deturpada e subjetiva de querer defender o indefensável. Sabemos que banco não é instituição de caridade, no entanto, deveria reger-se por critérios bem claros e bem definidos, em comportamento de honestidade no mercado, e não se sentirem acima de tudo e todos, aqueles que se posicionam para tirar sempre o melhor partido de tudo, seja em contexto de crise, seja em época de lucros exorbitantes.
Eles são livres de ter grandes lucros, todavia, multiplicar lucros com base em expedientes oportunistas e usurpadores não é aceitável.
Duas vezes com o mesmo dia
No âmbito de sectores “todo-poderosos”, darei o exemplo da Galp, a nível do gás doméstico. Pode ser um pequeno pormenor, mas bem revelador de pequenos ganhos por cada cliente, tornando-se num manancial para a empresa. Uma fatura do gás tem o período de fornecimento mensal, por exemplo, de 19 de Setembro a 20 de Outubro, e o período seguinte de 20 de Outubro a 22 de Novembro. Então, o dia 20 conta duas vezes? Outro exemplo, de 17 de Março a 28 de Abril e a seguinte de 28 de Abril a 18 de Maio, o dia 28 contou duas vezes? Os gastos desse dia foram faturados duas vezes, façamos as contas e, facilmente, se chega à conclusão de quantos dias cobraram a mais num ano e por quantos clientes. Prosseguindo o raciocínio, vejamos os lucros a nível do país, apenas com esta duplicação de dias, que manancial para a Galp!
O ditado popular “de grão a grão enche a galinha o papo” encaixa-se na perfeição nestes dois exemplos. Os poderosos enchem os cofres e cada grão perdido pelos cidadãos/clientes vai depauperando a economia doméstica.
O que anda o Banco de Portugal e ARAE a fazer, se dedicando à política e aos futebóis?
Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 14 de Dezembro de 2023
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