O que diria sobre a Madeira?


O que diria sobre a Madeira?

ou daqueles que ainda lê jornais, ainda ouve rádio e telejornais, agora juntam-se os podcats que facilitam a vida. Porque fiz opções na vida para ficar folgado e desprendido, mas basta constituir família para que os parcos rendimentos abatam a fatia dedicada à informação paga. Quanta gente desinformada temos? E votam?

Eu, como muitos, percebemos que os média estão muito mal. Vão buscar "cheap people" para render mais per capita, mas nada mais deixam do que os serviços mínimos, o evidente, o seco, a trivialidade. Alguns escrevem do que não sabem, erram e nem sabem porque a figurinha apetecível é suficiente. Neste mundo parece que o conhecimento tem pouco espaço e o comercial, a par dos lucros para prémios, têm mais valor. Tudo é cada vez mais descartável, numa gestão a curto prazo para gerar lucros imediatos, mas que matam, a viabilidade e a qualidade. Depois vende-se. Às vezes os média parecem aquele pacote de devedores que se vendem sem fim por entre as empresas de recuperação de crédito. Vejo gente com muita qualidade desaproveitada e também vejo sabujos vencedores na vida.

Li uma longa entrevista a Fernando Alves, um dos fundadores da TSF (link), e não pude deixar de comparar com aquilo que se passa na Madeira, artificialmente mantida por dinheiro público, naturalmente nas mãos de oligarcas, que lhes importa a informação que os eleitores consomem. As afirmações do Fernando Alves caem que nem uma luva na Madeira. O problema é que por cá não têm a mesma coragem de dizer as coisas, o que significa que todos os outros têm de ser culpados, copiando aliás, a natureza e a narrativa do poder.

Se me permitem, uns excertos:

Porque é que saiu da TSF?
Porque me fartei. Zanguei-me muito com o rumo que as coisas estavam a tomar na TSF em Setembro. Nada que não se adivinhasse. A TSF foi tomada por um grupo de gente que não é fiável e que trata deste assunto sagrado, que é a rádio e os jornais, como miúdos que desmancham um brinquedo. Dá-se um brinquedo a um miúdo e ele pode destruí-lo num ápice. É uma espécie de volúpia destruidora.

(...)

“A TSF foi tomada por um grupo de gente que não é fiável”

Há é um tempo em que o editorial era dominante na rádio, em que os jornalistas que fundaram a rádio e os outros que se juntaram tinham a palavra mais importante. E depois há um tempo em que o comercial passa a sentar-se em cima da cabeça do editorial, sem pedir licença. Não é de agora. Foi acontecendo.

(...)

Hoje, na rádio, um comercial pode ir à grelha directamente pôr um PEP.

O que é um PEP?
Produto de Elevado Potencial. Uma designação da gíria. É um produto comercial disfarçado de rubrica noticiosa. É um conteúdo patrocinado. Também há nos jornais.

Todos nós percebemos a quantidade de lixo que encaramos nos média madeirenses para satisfazer compromissos dos próprios proprietários e do principal cliente, o GR. Um dia ouviremos o lamento de que deram cabo da credibilidade do jornalismo madeirense.

Dias antes, outra opinião importante surgiu e colocou o dedo na ferida, Francisco Pedro Balsemão, o CEO do grupo Impresa, num podcast (link) do Jornal Expresso onde diz que sustentabilidade dos media portugueses está no “modelo de negócio” e afirma que o Estado não faz o que devia para apoiar os media. Eu percebo a aflição, mas a Madeira não é exemplo, longe disso! Por cá a democracia está toda penhorada e desinformada.

Tenho pena dos verdadeiros jornalistas, mas alguns enchem a alma, partem mas não vergam! Fernando Alves é um.

Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 9 de janeiro de 2024
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