É mau de mais para ser verdade, mas infelizmente é. Não sei, francamente falando, como hei-de começar este meu desabafo. Sabemos que, cada vez mais, a nossa população é super envelhecida. Logo, o recurso aos lares disparou e, qualquer dia, iremos ter velhos saudáveis a cuidar de velhos menos saudáveis.
Nada está para ser inventado. Sabe-se que, um bom apoio domiciliário, quando bem montado, funciona. Mas, infelizmente, faz-se campanha política com tudo e muito pouco é resolvido.
E a pergunta que se deve colocar é:
Alguém que tem um velhote ou uma velhota em casa, naturalmente, não terá tempo para tratá-lo ou tratá-la, perante o assédio permanente que tenta anestesiar, tudo e todos, perante a enormidade de festas, romarias, ponchas, inaugurações e injeções de estupidez para satisfazer a maioria do vulgar cidadão que, quando pára e tem algum tempo para pensar, descobre que não consegue governar o sustento da sua família, tendo comida na mesa, dando carinho, convivendo saudavelmente e com algum dinheiro no bolso para os gastos do dia a dia.
E o velhote, lá no fundo da casa, é um peso que tem de ser despachado, da mesma maneira que foi a mola impulsionadora enquanto ser humano saudável, para garantir o sustento daqueles que agora o querem descartar.
A vida é muito ingrata.
Resumindo, façam só algumas reflexões. Primeiro salvaguardem o bem estar e um fim de vida digno dos seus Entes que o criaram, o ajudaram e o defenderam de tudo e de todos. Segundo, pensem que as festas nunca são de borla. Há sempre um preço a pagar. O recibo, sem número de contribuinte, é o voto. A sua validade é quando o coloca na urna. Enquanto o preenche, o seu valor é imenso, depois, quando mal utilizado, serve-se frio contra nós.
As festas têm um fim, engodar-nos. Quando engolimos o anzol, acabaram-se as festas. Passámos a ser o repasto dos verdadeiros comilões que nos enganaram toda a vida e, continuamos a dar cobertura a este bando de salteadores, que nos continuam a enganar, roubam e manipulam a nossa vida, dia a dia, todos os dias.
Este relambório vem a propósito duma situação que se passa, neste momento, e que, como muitas outras, deve ser denunciada. O nível de podridão da nossa comunidade atingiu um nível, de tal modo descomunal que, acho que a vergonha é capaz de ter vergonha de si própria.
Vamos então ao episódio que merece ser relatado.
Um mesário duma Misericórdia da Madeira que, em tempos, foi comandante duma corporação de bombeiros, tinha uma empregada doméstica que, entrementes, a dispensou dos seus serviços domésticos.
Para compensá-la e, na qualidade de tesoureiro da Instituição, fez com que a mesma fosse admitida na mesma, com a categoria de ajudante de lar. Acontece que, após esta admissão, o companheiro da dita doméstica, pô-la com a filha fora de casa.
Imaginem que, após esta situação, o nosso mesário, qual verdadeiro protector, fez ocupar um quarto duplo da Instituição, destinado a utentes, em lista de espera, para instalar mãe e filha que, além deste abrigo, têm direito a alimentação, roupa lavada e, imagine-se, à limpeza e arrumação do referido quarto feita pelo pessoal da Misericórdia.
Será que recebe ordenado?
Sim, recebe o ordenado correspondente à categoria na qual foi admitida e a filha, funcionária duma operadora de telecomunicações, que abanca todas as noites a jantar com a mãe no refeitório da Instituição.
Um espectáculo!!! E agora a pergunta final.
Como é que se pode entender que uma Misericórdia representada e “gerida?” por uma provedora, não actualize os vencimentos às funcionárias, por falta de verbas e se permita ceder, gratuitamente, um quarto em prejuízo de dois hipotéticos utentes, prejudicando assim, e também, a tesouraria da Santa Casa?
Uma provedora que se pavoneou junto da UMP (União das Misericórdias Portuguesas), em Lisboa, que se vendeu por um voto na actual direcção nacional, a troco de um lugar de último elemento no conselho nacional, enquanto as ajudantes de lar, na Madeira, onde tudo isto acontece, faziam greve a reivindicar o justo pagamento das actualizações salariais a que têm direito.
A senhora provedora, em vez de, entre outras coisas, fazer selfies com o Dr. Miguel Albuquerque, deveria ter um pingo de vergonha na cara e pôr o seu lugar à disposição, pois já se percebeu que não tem dedo para qualquer tipo de anel.
Nota final: Tornar pública esta enormidade social, só é possível porque, existe o CM, pois se este texto fosse enviado ao DN ou JM, o seu destino seria, inevitavelmente, o caixote do lixo.
Uma pergunta fica no ar.
Há cerca de quarenta e oito horas, o Senhor Presidente do Governo Regional anunciou que vai haver muitas mais camas para os mais necessitados, será que algumas servirão para albergar situações semelhantes?
Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 15 de janeiro de 2024
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