Suspiro


V ejo tantos heróis e heroínas, Influencers, publicitários e concubinas, egos e inchados, compadres e compadrios, surfistas da política, incompetentes no sucesso da rotina, falidos pessoais a gerir a coisa pública, vermes projetados pela imprensa e o culpado é a República. Das bananas, do tabaibo, da pitanga...

Vejo doces mentiras e rejeitadas verdades, idiotas a secar a produtividade, matilhas ao assalto, advogados na corrupção, justiça cúmplice e injustiça a metro, terrenos de todos menos dos legítimos, o bandido com salvo-conduto da Justiça. Vejo cabrões na Via Rápida, quengas da vida, gatunos de passadeira vermelha e gente sem vida, vejo o entretenimento notícia e o expediente por grandes feitos, vejo uns a trabalhar por tão pouco e outros, esses sim vadios, a mamar e no assalto ao povo. Vejo as minorias com exigências de maiorias, vejo um povo calado, complacente e cúmplice, às tantas participativo. Até vejo assessores e especialistas com papéis partidários, em hora de serviço, a recolher assinaturas, algumas até falta o destinatário. Por estes dias têm um trabalhinho, zelar pelo seu.

Vejo analfabetos estrelas, coices de oiro, ídolos com pés de barro, ricos sem charme, vedetas às cambalhotas, cantores cilindro, e não poderia faltar o político casca-grossa. Vejo lugares que dispensam currículo para depois se martelar uma orgânica. A mediocridade em sociedade expulsa a boa semente. Sou "empregado" de muitas lojas, pago para trabalhar e saio com as minhas compras. Tantos falsos "linda", "querida", "bijou" a urdir pelas costas. Tontarias de mil e um likes, e do certo fugido como jornalista da notícia.

Para onde fugiu a boa gente? Deveria ser instituída uma reserva natural para eles. Foram para onde dê prazer o mérito e o pulso na competição, saber onde se chega com trabalho e não pela cunha de alguma criatura. Se custa tanto explicar o básico, ou não estão de boa fé ou ficaram asnos.

Um dia, toda esta ficção desmorona.

Tremo de medo:
Eis o segredo aberto.
Além de ti
Nada há, decerto
Nem pode haver:
Além de ti
Que não tens essência
Nem tens existência
E te chamas só SER.
        Oh
Nada pode haver!

(Fernando Pessoa)

Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 27 de fevereiro de 2024
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